O ATOR
Acordou assustado, notou que alguma coisa estava diferente. Seu coração batia descompassado e até a música, tema principal do seu personagem na novela da própria existência, que mesmo silenciosa para os outros, por ele sempre ouvida, parecia não tocar.
Respirar, Sorrir, chorar, fingir, tudo se fazia uma representação sem sentido.
Procurou pela casa, olhou no quintal, vasculhou por ruas próximas, mas nada foi encontrado: não estava no mundo o motivo de tanto desalento.
Então, lembrou de procurar dentro de si mesmo.
E lá, no canto mais distante do peito, esperando o fim de um espetáculo que não existia, encontrou sua alma encolhida, desistida de atuar.
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