Mulher com ar de poesia

Com seu biquíni cor de lavanda, seu vestido listrado branco com azul claro, seu esmalte vermelho, seus óculos escuros e sua cadeira de praia.

Olho para essa mulher e ela me encanta, não pelos cabelos castanho-arruivados ou suas sardas espalhada por todo rosto, e sim, pelo mistério que carrega consigo que se traduz no jeito que cruza as pernas, que fuma seu cigarro.

Apesar dos óculos de sol, sinto que ela olha aquela praia, aquele todo como uma espectadora distante, vendo tudo do lado de fora.

Não me contenho e fico parando olhando para ela, seus pequenos gestos me fascinam. E tudo que penso é em como queria tirar uma foto dela, gravar aquele momento e escrever sobre ela.

A mulher com ar de poesia nota que eu a encaro e me encara de volta, com um sorriso afável, mas sem brilho. Sorriso de Monalisa. Sorriso que junta melancolia, saudosismo e uma estranha paz de espírito. Seu olhar como seu sorriso me abandona poucos depois e ela volta a observar aquela praia.

Tento ler os seus pensamentos, entender o que se passa com ela, mas antes que eu possa descobrir, ela vai embora. Lança-me um ultimo fugaz olhar e seus lábios se contraem em um sorriso tímido, como se soubesse o que estava tentando fazer. E enquanto ela se afasta, acompanho o seu andar e começo baixinho o meu poema sobre ela.