O Velho Jacir.

Hoje vi o Sr. Jacir sentado no banco da praça. Eram quatro e doze da tarde, horário de verão, e o calor estava de rachar mamona. Tanto que, nesse exato momento, um garoto caiu da bicicleta quando tentava virar a esquina de maneira brusca, ocasião em que o asfalto, derretido, cedeu.

Sozinho, com a camisa suada, lentes dos óculos embaçadas, testa transpirando, meditabundo em seus oitenta e quatro anos de idade, Sr. Jacir é há mais de cinquenta anos comerciante do ramo de secos e molhados, viúvo e sem filhos.

Aconteque que, de uma hora para outra, contrariando todos os prognósticos, sem mais nem menos, para a surpresa de todos que do outro lado da rua chupavam sorvetes na sorveteria do Barbosa, num sobressalto espetacular, Sr. Jacir agarrou com os dois braços um galho de árvore que estava bem acima de onde estava sentado, e começou a fazer exercícios de barra, subindo e descendo, numa seqüência e liberdade de movimentos que fez dona Carmelinda, antiga moradora do bairro, derramar sorvete em seu antigo vestido estampado...

SAvok OnAitsirk, 07.02.12.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 08/02/2012
Código do texto: T3486742
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