Ontem e Nunca Mais (EC)

Senti. Talvez por ter estado muito sozinho ultimamente. Chorei, com a alma, sem que uma lágrima caísse de meus olhos, uma forma tão cruel de nos dizer que estamos sendo maltratados pelos nossos sentimentos. Perdi.

Perdi a chance de olhar dentro dos seus olhos e dizer que jamais permitiria sua partida, ou a chance de repensar, a tempo, as ultimas palavras que poderia ter dito. O calor do beijo de suas lágrimas ainda pulsa em meus lábios como um ultimo beijo que desejei ser o primeiro outra vez, mas não foi assim... Lembro de ter olhado sua foto naquela manhã e ver seu sorriso como se estive ao meu lado. Puta que pariu! Egoísta, um canalha egoísta! Foi como me senti. À toa.

Você me dizia que o amor poderia ser eterno a cada dia se os defeitos fossem vistos com humanidade porque ninguém é perfeito e nem príncipe encantado todo dia. Às vezes me abraçava e beijava meu rosto, dizia que era o ser humano mais feliz do mundo. Éramos! E por que deixamos de ser?

Uma dose de uísque e gelo faz o homem um pouco mais decidido e frustrado. Sabe aquele brilho do encontro entre dois olhares no primeiro encontro? Aquele frisson? Imagina o que é, durante muito tempo, saber que está vivendo a melhor parte de sua vida onde sua paixão verdadeira é totalmente recíproca? Como se tivesse passado anos em sonho. Acordei! E me deparei com a mais cruel e fria besta realidade.

Oscar Wilde, em seu brilhantismo de vida descreveu que “o segredo do amor é maior do que o segredo da morte” e fico por acreditar que esse cara era mesmo usado por Deus, por Alá, Zeus ou qualquer um Deus que seja o verdadeiro, justamente por incitar à vida uma questão tão digna e verdadeira. Que porra é esse mistério que cerca o amor? O amor que nas horas mais inaceitáveis me quebranta, arrebata, me domina e nas horas mais descontraídas me faz refém, estúpido, hipócrita e desumano. O que é esse amor que faz chamar de “meu” alguém que em algum momento vai se afastar de mim e me fazer sofrer por cada dia de vida vivido juntos? Dá pra entender e não aceitar? O que é? Apesar dos apesares, antes a dor de sofrer por um amor vivido duramente do que a covardia de não me permitir senti-lo.

Insisto em pensar que tudo o que passei, vivi e toda a verdadeira paixão que me permiti viver deve-se a você, que verdadeiramente me ensinou muito sobre um lado de mim que eu ainda desconhecia. E mesmo que Oscar Wilde tenha descrito que “no amor todos os caminhos acabam de forma igual – desilusão” eu prefiro acreditar que vivemos intensamente nosso grande amor. Desilusão é estar sem seus beijos, sem seu carinho e atenção. É passar o resto da minha vida sem você.

Parece que foi ontem que senti suas mãos quentes me afagando e ainda escuto sua voz sussurrando, toda noite, as ultimas palavras que resumiram o quanto sua vida foi valiosa: amo você. Será que de onde está agora pode sentir o quanto sinto a sua falta? Será que Deus poderia me permitir te dar um ultimo abraço? Impossível! Você está com Ele agora, mas me deixou o mais importante de sua essência de menino dentro do meu ser, que foi o seu amor.

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Este texto faz parte do Exercício Criativo - Parece que Foi Ontem

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