Sonhando pelas Beiradas.

Respiro fundo ao sair pelo portão de casa. As lentes de meus óculos estão embaçadas. Já tentei limpá-las outras vezes, mas é um embaçado que acho que não tem jeito.

Nas duas últimas noites sonhei com minha queria Avó Dita. Quanta saudade! Não me recordo agora do conteúdo dos sonhos, mas sei que eram bons.

Andando pelas calçadas nesse horário da manhã, acho que nem ainda sete, percebe-se com mais clareza os pequenos sons do dia-a-dia, pássaros entoando seus cânticos matinais, o som de uma vassoura varrendo o quintal ao fundo daquela casa de muros baixos e pintura descascada; certamente empunhada por uma senhora corcunda e com cabelos brancos, que varre a poeira do quintal de terra batida pitando um cigarro de palha e sonhando com dias melhores.

Os cães não param de latir, alguns deles são perigosos e vêem para o meu lado. Finjo-me de estátua, eles cheiram meus sapatos e vão embora. Nisso, prossigo...

Atravesso a praça onde jovens delinqüentes picharam a igreja matriz, escrevendo “salve geral!”. Seriam jovens freqüentadores de estádios, na geral? Ou geral é um termo usado para designar metaforicamente aquele que é do povão, um Corinthians, talvez? Não sei, mas vou andando e pensando nisso por alguns metros à frente, até que meu pensamento se dissolve para outros rumos.

Passo em frente à casa de uma senhora que adora gatos. Seu portão da frente amanhece cheio de gatos ansiosos esperando que ela acorde e lhes dê comida. São gatos mansos, que não fogem com a aproximação humana. Sei que aquela senhora os alimenta, caso contrário não estariam ali, e o chão próximo ao portão onde eles ficam todos os dias a esperar não estaria escuro de óleo, óleo de comida...

Cheguei até a padaria, comprei pão e leite, peguei o rumo da calçada de volta, momento em ficou escuro...

Passando um tempo, me sentindo leve, uma mulher veio me avisar que eu havia morrido em sonho, mas, como se tratava de um engano celestial, logo acordaria vivo de novo em minha cama... Mas que não me apegasse muito às coisas, poque logo estaria lá de vez...

SAvok OnAitsirk, 18.01.12.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 18/01/2012
Código do texto: T3447627
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