A PERDA DA INOCÊNCIA

A PERDA DA INOCÊNCIA

Numa rua da cidade, vi um homem que parecia vagar sem rumo. Olhei-o e reconheci um velho amigo.

Trazia em seu olhar um semblante cansado.

Bati no seu ombro, cumprimentei. Disse:

- Andas perdido por aí?

Ao que ele respondeu:

- Ando perdido é na vida.

Ao que repliquei:

- Na vida, todo mundo tá mais ou menos perdido.

Em seguida, convidei-o para tomar um mate na minha casa. Falei que era pouco, mas era o que eu tinha para oferecer.

Conversamos horas, como fazíamos antigamente quando éramos pouco mais que adolescentes e queríamos correr o mundo.

Ah, o mundo! O que queríamos com ele? Mudá-lo? Esperar o reconhecimento dele? Querer que ele pensasse como nós?

Sei lá, mas na verdade, não conhecemos sequer uma parte ínfima dele. Vimos coisas que nem sonhávamos que existiam e outras que nem queríamos ver.

Ele falou:

- Enfim, perdemos a inocência.

Continuei:

- É difícil perder a inocência! Mas por um lado deve ser bom.

Em um desabafo, ele replicou:

-Talvez a inocência fosse a melhor coisa que eu tinha!

Silêncio.

“ Tudo vale a pena se a alma não é pequena.” Assim dizia , Fernando Pessoa.

Nos despedimos . Força meu amigo, bom te ver!

PINHEIRO MACHADO, 18/06/2011

Fábio Souza das Neves
Enviado por Fábio Souza das Neves em 19/11/2011
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