Escritor Desertor

Lá estava ele sentado em frente ao computador, olhando para o monitor com as mãos pausadas no teclado.

Pensava em escrever.Uma ideia!!! "vampiros... estão na moda, e muitos pensavam que o tema já estava esgotado"

Começou a descrever sua heroína: cabelos longos que caíam em ondas cobrindo-lhe as costas, pele branca com as maças do rosto levemente rosada..."não, novamente ela".exclamou

-Ficção científica

Soltou alto o pensamento. " não os filmes de Stephens Spilberg supera os livros".Lembrou-se do dia em que foi ver a estreia de A.I., de como os olhos dela verteram-se no emaranhamento de lágrimas quando o filme terminou.

- Mais um motivo para não escrever historias de ficção científica.

Mistério.Suspense.Não tinha domínio sobre o assunto, mal sabia guardar segredo e isso o assustava.

Começou a rir lembrando de como ela ria contando para ele , logo no inicio do namoro, como foi fácil descobrir quem lhe mandava mensagens assinadas seu amante platônico.

Aventura.Ação.Seria bom escrever sobre isso.Ela não gostava deste gênero literário, não conseguia se aventurar neles, preferia assistir os filmes com o marido, mesmo os achando sem graça e nada verdadeiro, gostava do real, da aventura da vida real.

Certa vez ligou para o marido do medico aos prantos, ele saiu correndo do jornal que trabalhava deixando um artigo incompleto, pegou um taxi que quebrou no meio do caminho e ele saiu correndo em direção ao hospital como quem fugia de alguma facção criminosa ou da máfia italiana.

Encontrou-a deitada estendendo-lhe um envelope

- Leia

Ele chorou junto com ela. Ter um filho, para os dois, era um sonho.

Romance. Eles viveram o "felizes para sempre" nos meses que seguiram.

Mas um acidente interrompeu a felicidade no fim da gravidez. ela morreu.

Neste momento o sorriso que cobria suas lembranças foram substituído por lágrimas, ele não conseguia seguir, as teclas da sua cabeça travavam e ele não conseguia escrever, seguir com as idéias.

Seu filho de dois anos, no berço, olhava seu pai...o escritor desertor.

Eduardo Magalhães
Enviado por Eduardo Magalhães em 02/02/2011
Código do texto: T2767472