Confissão de um Suicida.

Estou todo fodido! Não sei o que de pior pode acontecer. Do jeito que as coisas vão qualquer dia desses recebo um piano na cabeça quando sair da prisão.

No consultório médico entra um cara com uma criança no colo, senta ao meu lado e bota a criança no chão, deixando que ela meta pés e mãos por todos os cantos, lados e gentes. Toca o celular do pai, o mesmo atente e principia um longo diálogo estúpido em alto e bom som. Nisso a criança no chão começa a berrar e a chutar-me. O pai vai ao banheiro falando no celular, fecha a porta, acende a luz. Nesse momento ouve-se o barulho da tampa do vaso sanitário sendo baixada. Um som seco. Imagino que o maldito pai senta-se para cagar. E estava com a razão. Quase que gritava no aparelho, soltando gases e gases. Quando no exato momento em que disse algo para si proveitoso em sua vida, que lhe causava orgulho, um vanglorio de si mesmo, ouviu-se a queda da merda na água da privada. Um pluft pesado! E a conversa perdurava.

Meus nervos explodiam. Quase não continha mais. Tive até queimação estomacal, dor de cabeça pela repressão a meu impulso de socar a cara daquele imbecil que aparecera apenas para foder mais ainda meu dia.

Tudo dando errado. Incrivelmente. Tentei livros de auto-ajuda e religiões, psicólogos, videntes e todo tipo de solução, os quais me restaram inúteis.

Tentei a salvação nos mantras bolivianos e nos dervixes rodopiantes do Nepal. Mas nada. Livros li aos montes, buscando a salvação, a cura para minha maldição ou o que quer que seja.

Por onde eu andava acontecia alguma coisa desagradável. Queimei a mão fritando um peixe numa festa de fim de ano, ligam-me frequentemente para fazer doações.

Desiste de um curso em seu último ano, perdendo a grana empregada. Cancela uma assinatura mas continuar o débito automático em sua conta. Faz um empréstimo, não recebe carnê para pagamento e tem mais uma vez um débito automático em sua conta.

Casado há alguns anos, não suporta mais essa vida. Preso dentro de si mesmo, estás prestes a explodir.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 14/12/2010
Código do texto: T2671985
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