Luxúria

Consumida pelo desejo, ela o teria, mesmo que isso a matasse. Mesmo que matasse os dois, ele seria dela antes de tudo. Naquela noite, o bar vazio, apenas ela em seu vestido vermelho, um tom que inspiraria seus desejos mais obscuros, com suas pernas a mostra, cabelos bagunçados. Ele ao outro lado, tomando seu uísque da rotina já conhecida de todas as sextas à noite, uma aparência cansada, mas estranhamente sedutora, e ao fundo, uma música desconhecida, um tango sedutor.

Decidida, Alice anda até o centro do bar, com a música ainda tocando, começa a dançar, suas pernas se movem chamando atenção do desconhecido tão bem conhecido por ela, seus olhos se encontram, e agora o desejo transparece, a distância já não é mais possível. Ela gira em sua dança, deixando escapar um pequeno riso de satisfação, que quando novamente se vira para ele se transforma naquele sorriso sedutor.

A distância é inexistente, a curtos passos dele, que a pega pela cintura, e então não se encontram mais em um bar, mas em um quarto e a cama com lençóis de seda, colchão profundo, chamando-os pelo nome, desejando-os tanto quanto o desejo deles próprios.

Ele coloca sua mão no rosto de Alice, beija-a com um ardor nunca antes sentido, suas mãos incontroláveis dançam pelas costas e pernas dela, as mãos femininas e delicadas dela brincam com o pescoço quente dele, e deslizam lentamente para os botões da camisa que começa a ser retirada assim como os dentes dele tentam tirar o vestido vermelho, os desejos realmente obscuros.

Cometendo o pecado retirado de seus sonhos, os devaneios de uma luxúria deliciosa. Suas brincadeirinhas acabaram e com os corpos nus rolavam na cama, de frente, de lado, corpos suados no prazer que se inundava com pequenos gemidos e pesadas respirações, se enrolavam entre si em um abraço tranquilo com o sentimento da liberdade tão adorada pós luxúria delicada.

Após o sono, morangos na cozinha, os dois levantam ao mesmo tempo colocam suas roupas com a calma que não tiveram na noite anterior e pegam um morango de cada, Alice, ainda insatisfeita, brinca com o morango em seus lábios, ele se aproxima e sem esperar, a agarra sem gentilezas, o que novamente gera uma onda de prazer, sem nem mesmo terem tirado suas roupas.

Alice senta-se na cadeira após alguns minutos nos braços dele, mais um morango na boca, dessa vez, sem sedução, e ele, ainda um homem sem nome, pega a jaqueta, abre a porta e vai pelo corredor, até o elevador, até o térreo, saí para a rua, e de repente começa a correr, corre para a rua mais movimentada da cidade, e corre até a frente de um carro em alta velocidade, enquanto Alice, em seu apartamento, brincando com seus morangos dá um pequeno sorriso.

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Diana Lopes
Enviado por Diana Lopes em 09/10/2010
Código do texto: T2546115
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