ELEIÇÃO PRESIDENCIAL 2010





Numa Floricultura a (Rosa) sempre bem-humorada, conversa com sua vizinha, (Begônia). Isso aqui está cada dia pior, flores novas pra todo lado, além das que por aqui germinam há tempos. É hora de colocar ordem nesse lugar, pois, logo isso tudo ficará insuportável, congestionado, abarrotado de flores.

Assim, Dona (Rosa) convoca uma reunião. Na assembleia além da multidão de flores, comparece também, moradores transitórios, como os (Sapos), as (Borboletas) e as (Abelhas). Escondido mas, tão presente quanto, estava a (Minhoca).

Ouvindo Dona (Rosa) falar, o (Gerânio) pondera: Mas, isso não seria uma eleição para se eleger um Presidente? Se tiver eleição pra Presidente, “to dentro”, sou organizado, perfumado e faria com certeza, um bom trabalho.

Lá de trás o (Amor-perfeito) opinou dizendo que o Presidente deveria ser uma flor alta, forte, para poder passar segurança e proteger bem o território dos intrusos. Alto e forte é comigo mesmo gritou o (Gerânio), que foi logo interrompido pelo (Girassol). Espera aí pessoal, além de alto e forte tenho muitas outras qualidades e estou lançando minha candidatura também.

Dona (Begônia) pede silêncio e indaga, por que só temos candidatos do sexo masculino? Bem que poderíamos ter uma líder feminina, todos concordam que as mulheres são muito mais organizadas e sabem ouvir melhor as queixas dos outros. Eu gostaria de indicar o nome das minhas amigas (Rosa) e (Hortência) para disputar essas eleições.

Foi um Ti-ti-ti daqueles o dia inteiro e já no quase dormir do sol, Dona (Begônia) propõe que se fizesse um debate entre os candidatos concorrentes de modo expor suas ideias, ela mesma conduziria o evento e, por favor Senhores, nada de condutas inadequadas que possam desvirtuar ou denegrir o debate.

Ficam assim convocados os Senhores: Gerânio, Girassol e as Senhoras: Rosa e Hortência, nesse momento ouve-se uma voz, eu também quero ser presidente afinal, sou parte ativa dessa comunidade. Vê-se então afastar-se do solo uns (Dinheirinhos), para dar espaço e voz a Senhora (Minhoca), que pleiteava também sua candidatura. Todas as flores se olharam, como se perguntassem, como pode? Mas mesmo assim, foi aceita a inscrição da Senhora (Minhoca).

Dia seguinte a Floricultura amanheceu em polvorosa com os candidatos em plena campanha. Cada um com seu jeito próprio de chamar a atenção. Seu (Gerânio) que nunca fora de muita conversa, estava lá, com o sorriso escancarado, cumprimentando a todos que passavam. Dona (Rosa) se fez mais bonita ainda, aparou os espinhos, pintou as pétalas enfim, repaginou a vida.

Senhor (Girassol) optou por mostrar sua força e altura e a todo instante gritava com uma e outra folha que caia, sujando o chão da Floricultura. Dona (Hortência) sempre bem organizada tratou logo de enumerar numa planilha, as reivindicações mais frequentes dos amigos vizinhos.

Eis que Chega o dia do tal debate, o povo todo vai se esticando em direção a parte central onde se encontrava Dona (Begônia), mediadora do evento.

Atenção pessoal silêncio, por favor, apenas relembrando que os candidatos se comportem e que evitem os exageros. Vou começar chamando Dona (Rosa), disse a mediadora. Dona (Rosa) se fez altiva, suas pétalas nunca tiveram tão rubras, chamando pra si, todas as atenções e começou dizendo que se eleita fosse, brigaria para que todas as flores tivessem o direito ao menos, de vinte centímetros quadrados livres para que pudessem sentir-se confortáveis. Da plateia, o (Hibisco) retrucou, vinte centímetros podem ser bons para a maioria, mas, não pra mim. Além do mais Dona( Rosa), a senhora pode estar cheia de boas intenções mas, esses seus espinhos, nunca me inspiram confiança.

O Senhor (Gerânio) pede a palavra, agradece a presença de todos e continua dizendo que todos ali, o conheciam bem, nunca foi homem de muitas brincadeiras e que uma vez eleito, cuidaria daquela comunidade com pulso forte. Ele é aplaudido por uns, vaiado por outros.

Dona (Begônia) chama a seguir o Senhor (Girassol), que esticou como pode o pescoço de modo ficar mais próximo de todos e voltou a dizer: Sou o mais alto e o mais forte! Vejo longe, meus olhos alcançam as fronteiras da nossa amada terra, portanto, o mais eficiente de todos! Uns deram gargalhadas outros ficaram indignados com a petulância do (Girassol).

Os (Dinheirinhos) começam então a se afastarem e Dona (Minhoca) muito paciente, sobe ao palanque. Dona (Begônia) anuncia então, o último candidato sob os olhares incrédulos de todos. Podiam-se ouvir as (Marias sem vergonhas) fofocando: Meu Deus, como pode isso? Uma minhoca pra Presidente!

A (Minhoca) se posta diante de todos e discursa. Amigos! Não sei se repararam que dos candidatos aqui presente, sou o único que consegue se locomover em grandes distâncias. Vivi escondido minha vida inteira, aprendi a passar por despercebido do inimigo, por isso sou eficiente para vigiá-lo e se preciso, puni-lo arrancando-lhe as raízes, na minha gestão, intruso algum vai crescer em nossas terras.

Nenhum candidato havia sido tão aplaudido, mas, para o bem da “Democultura locall” Dona (Begônia), achou por bem colocar em votação chamando nome por nome e pedindo que se levantassem apenas, as pétalas para o candidato de sua preferência. A Senhora (Minhoca) ganhou em disparado e no mesmo dia, fora empossada “Presidenta da Nação.


Tomara que nossos candidatos se comportem como as flores. Temos como elas, muitos problemas. Queremos assistir debates de soluções e não um mostrar de incompetência e inoperância. Não queremos assistir uns se preocuparem em diminuir, rebaixar outros. De baixaria estamos cheios! Senhores candidatos, observem ao menos, o conselho da Senhora (Begônia).

Paulo Cesar Coelho
Enviado por Paulo Cesar Coelho em 22/07/2010
Código do texto: T2393211
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