Seis Eunucos

O gosto de sangue entre os dentes era delicioso, a dor, uma sensação conhecida. Eram tantos vultos, homens animalescos reduzidos ao seu impulso mais primitivo. Ela, indefesa, abatida, foi rodeada e ferida por tantas flechas quanto São Sebastião pelos romanos. Eles a penetravam de tantas formas que a comparação a ajudava a suportar o insuportável. As amarras quando finalmente se saciaram estavam frouxas pelos movimentos frenéticos. Assim conseguiu alcançar uma faca e se soltar. Nua na cova dos leões como Daniel, com seis homens adormecidos ao seu redor, todos exaustos.

O sangue escorria por suas nádegas e descia pelas coxas. Os hematomas deformavam o outrora belo rosto. Carne viva. Um a um tocou vagarosamente e com carinho atou os nós delicadamente enquanto eles sonhavam. Um a um ela despertou. Eles ao perceberem que haviam sido mutilados, com o sangue jorrando forte de onde há pouco sua virilidade provara seu valor, gritavam em puro desespero e terror. Com uma paciência encantadora, suja de sangue e esperma, ela foi se banhar. Vestiu-se, pegou o dinheiro do resgate e desapareceu deixando seis eunucos para trás. Ela se tornara a mão esquerda de Deus.

José Rodolfo Klimek Depetris Machado
Enviado por José Rodolfo Klimek Depetris Machado em 08/07/2010
Reeditado em 15/07/2011
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