Estrela Cadente

Aquele fim de semana tinha todos os ingredientes para ser especial para Jeanne. Depois de alguns anos, foi passar o final de semana na casa dos avós que tanto amava. Já no portão da simples casinha, ela desceu do carro dos pais, observou que o sol se recolhia e comentou, alegre:

- Oba! O vovô Augusto deve ter começado agora a contar as histórias.

A garotinha, de apenas oito anos, correu em direção a varanda da casa. Ao se aproximar, diminuiu os passos e entristeceu. O sofazinho de seu avô Augusto estava vazio. Não tinha ninguém. Nem os banquinhos de madeira que as crianças da vizinhança sentavam para deliciar as maravilhosas e encantadoras histórias.

Vovó Cyla, abriu a porta e percebeu o rostinho abatido de Jeanne. Abraçou-a com afeição e explicou a situação do vovô Augusto. Disse que ele estava doente e não levantava da cama a dias. Não sentava mais no sofá da varanda para contar as histórias, nem com os incansáveis pedidos da criançada. Ele havia abandonado sua diversão predileta de todas as manhãs e fins de tarde.

Jeanne, ao tomar conhecimento do fato, não conseguiu prender as lágrimas. Foi confortada pela vovó Cyla. A garota, após se recompor, pediu para ver o vovô Augusto. Foi prontamente atendida.

Ao entrar no quarto, deu um abraço afetuoso no avô. Ele olhou-a com carinho e sorriu contente. Cumprimentou-a, mesmo com dificuldades de expressar as palavras:

- M i n h a q u e r i d a. Q u a n t o t e m p o. T a v a c o m s a u d a d e.

A garotinha, emocionada, retribuiu a saudação com um sorriso puro e magistral. Logo relembrou um fato ao avô:

- Vovô Augusto, lembra daquela estrela cadente e que o Sr. pediu que eu fechasse os olhos e fizesse um pedido?

- E s t r e l a c a d e n t e ?! H a s i m. L e m b r o!

- Vou revelar meu desejo para o senhor.

- N ã o p r e c i s a q u e r i d a.

- Preciso sim vovô. Guardei a estrela cadente em meus pensamentos. E se um dia, o senhor ou a vovó ficassem doentes, ela poderia ajudá-los. Agora feche os olhos para que a estrela possa realizar meus desejos.

Ambos fecharam os olhos por alguns minutos. Conversaram por mais algumas horas e todos na casa foram dormir.

No dia seguinte, bem cedinho, a grande surpresa. Vovó Cyla levantou para preparar o café. Quando retornou ao quarto do marido, assustou-se:

- Onde está o Augusto?

Vovó Cyla percorreu todos os cômodos no interior da casa e nada. Quando chegou na porta, olhou para a varanda e lá estava o vovô Augusto, sentadinho no sofá. Já tinha arrumado os banquinhos de madeira e aguardava a netinha Jeanne e as outras crianças da vizinhança para começar a contar as histórias. E a primeira delas não poderia ser outra: o causo da estrela cadente.

Cláudio Francisco
Enviado por Cláudio Francisco em 26/02/2016
Reeditado em 26/02/2016
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