Sozinha...

mãos geladas

pêlos em arrepio

janela entreaberta

barulho de respiração

estou ofegante...

meus olhos vermelhos

a rua tão vazia

rapazes passando agora

carros, motos e tal

não há balanço de árvores

não há canto de pássaros

dia nublado

abafado

sinto frio

muito frio

cabeça em rodopios...

por dentro

pareço tão oca

sozinha

uma,

duas,

cinco,

oito,

oito pessoas aqui!

não conheço nenhuma

nem a nona:

eu...

não me pus na conta

acho mesmo que essa sala está sozinha

avião no céu

nuvens todas

eu, nublada

todos foram embora

não estou mais aqui

já chega

eu vou

já fui

me enrolo no casaco

calço meus sapatos

sopro meus pensamentos

mando pra outro lado

esquento minhas mãos

lavo meu rosto

engulo seco

não te vejo - mal me vejo

mas não deixo de seguir

AnaNunes
Enviado por AnaNunes em 01/09/2009
Reeditado em 01/09/2009
Código do texto: T1786931
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