Neve

Ao aproximar o rosto do vidro da janela os flocos de neve que respingavam lá fora emolduravam aquele par de olhos castanhos e cabelos cacheados do rosto da pequena íris.

Encostei a cabeça sobre seu colo que foi retribuído com um carinho de ponta de dedos.

Aquele olhar para Pietro e as outras crianças brincando de arremessar e caindo em gargalhadas me fazia pensar o quanto ela gostaria de estar entre eles.

-Roxy! Será que um dia vou tocar a neve?

Aquela frase acompanhada de um olhar esperançoso me fazia compreender o seu significado. Existiria alguma forma de realizar aquele desejo? Eis que, como um prenúncio divino, a porta da frente se abre e dona Rosa fica a bater os pés. Sem pestanejar passei entre suas pernas, tomei a rua e mergulhei o focinho em meio a neve retornando ao interior da casa e esfregando-o em suas mãos.

-Nossa Roxy! Disse ela, é gelada! Quando eu sair dessa cadeira de rodas você será a primeira a ir lá fora brincar comigo.