DONA RAPOSA
Já velhinha com pelos embranquecidos queixava-se de dores aqui e ali, quase não conseguia andar direito, vivia numa preguiça, acordava tarde abria a janela da sua casinha e nem ligava para os passarinhos e morcegos que invadiam para beliscarem suas frutas fresquinhas na mesa da cozinha.
Às vezes ia até o gramado no fundo da casa para tomar banho de sol, se chovia ficava na cama rabiscando no seu velho caderninho já todo amarelado pelo tempo.
Na verdade pouco sabia ler se atrapalhava com as letras, esquecia palavras, pontuação ela nem sabia dizer o que era assim ocupava uma folha inteira para escrever uma simples frase.
Num desses dias meio aborrecidos em que o sol não aparece e nem chove resolve ficar na janela assim poderia saber tudo que se passava lá fora e com certeza não faltaria assunto para ela escrever. Estava tão envolvida em relatar a vida dos que por ali passavam esqueceu-se de fazer o almoço e de lavar a louça do café, dava a impressão de que o tempo tinha voltado atrás e ela não estava ali sozinha.
A raposa se divertia com as historias que criava - claro falando mal de todos, para ela cada um tinha um defeito que precisava relatar nos seus escritos,
A vida estava muito parada sem ter assuntos para escrever resolveu convidar os amigos para jantarem em sua casa assim teria assuntos que não acabaria mais.