A ESTRELINHA FALANTE

A ESTRELINHA FALANTE

A menininha parou e mostrou para mãe.

- Mãe, olha pro céu e veja aquela estrelinha!

- Maria, a mãe está compressa agora. Temos que chegar logo, senão eu perco a novela!

A menina ficou quieta, mas não estava contente.

- Não tem importância. Mas amanhã eu vou conversar com as minha estrelinha.

- Que bobagem. Estrelas não falam.

- Falam sim, mas só com crianças.

-Você está vendo muita televisão.

Chegaram a casa e o marido acabava de chegar do serviço.

- Alguma novidade?

- Não, nenhuma. A não ser a sua filha. Que deu de falar com as estrelas. Disse que viu uma estrela muito brilhante e que estava olhando para ela.

- Mas eu vi também! --disse o pai. Foi de chamar a atenção.

- E como eu não vi?

- A senhora não olhou mãe!

- Parece que só você não vê.

Virando as costas foi para a sala de estar ver sua novela.

- Agora está na hora de você ir dormir. Vamos que o pai leva.

Chegou no quarto e ela já estava a dormindo. Colocou-a com carinho na cama e a cobriu.

O sono foi profundo, mas ela começou a sonhar, e logo apareceu uma estrelinha que a chamou pelo nome.

- Ei, Flavinha. Sou sua estrelinha!

- Você aqui! Como você entrou?

- A janela estava aberta e entrei.

- Você fala!

- Igualzinho a você.

- Porque os adultos não acreditam que uma estrela não pode falar?

- É que os corações deles já não têm a inocência de uma criança.

Flavinha sorriu e ao mesmo tempo sentiu uma tristeza.

- É por isso que minha mãe não olhou. Ela não acredita.

- Alguns acreditam Flavinha.

- O meu pai olhou e gostou.

=É que seu pai ainda tem um pouquinho de criança no coraçãozinho dele.

O pai escutou uma conversa no quarto de Flavinha. Abriu a porta em silencia e viu que ela estava dormindo muito bem. Fechou a porta e saiu.

A estrelinha falou:

- Agora vou embora, pois podem estar estranhando a minha ausência. Volto quando você quiser.

E saiu.

No dia seguinte acordou com uma felicidade que até os pais estranharam.

-Faz tempo que e não vejo você alegre assim – falou mãe. Viu um passarinho verde?

-Melhor. Eu vi uma estrelinha e ela veio conversar comigo.

- Outra vez você com essa história de estrela? Estrelas não falam!

O pai interviu

- Ora, parece não teve infância!

- Você está acreditando no que ela diz.? - - Santa paciência. Até logo que eu vou trabalhar. Cada uma que me aparece.

- Mas você acredita em mim não é?

- Acredito sim. Vamos que eu vou levar você para a escola. E a tarde eu vou te buscar.

- Oba!

Deixou Flavinha no colégio e foi trabalhar.

O pai pegou a filha no horário combinado.

- Mas o senhor não veio com o carro?

- Eu preferi vir a pé. É perto e fazer uma caminhada é bom.

Já passava das cinco e meia, e sem o horário de verão, escurece mais cedo.

Caminhando, já noitinha, as estrelas começavam a aparecer.

Flavinha parou e mostrou ao pai:

- Olhe, é a minha estrelinha!

- É linda filha. Já eu um nome a ela?

- Já. Eu a chamo de “curiosa”.

= Por que esse nome?

- Por ela ter entrado no meu quarto sem avisar.

- Olha ela piscou para mim!

O pai ouviu tudo que ela falou e sorriu. Também foi criança.

lmorete
Enviado por lmorete em 01/03/2017
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