Tamborete

Fui o primeiro neto pelo lado materno. Era o xodó dos meus avos. Não saia da casa deles, quando já estava estudando e entrava de férias, me mudava para a casa deles. Minha avó contava uma passagem que teve comigo que eu não consigo lembrar por que eu era muito pequeno. Antigamente o banheiro das casas era no quintal. Disso eu me lembro. Era muito ruim para se usar o banheiro, principalmente à noite e quando estava chovendo. Na casa dos meus avos já tinha um banheiro dentro de casa. Um banheiro social. Mas mesmo assim não era próximo do quarto da minha avó. Que já era velhinha e doente. Ela usava um pinico dentro do quarto próximo a sua rede. Ela teve a ideia de mandar confeccionar um tamborete para colocar o pinico em cima para um conforto melhor na hora da precisão. Era um tamborete diferente, mais baixo que o normal e mais largo. Ela contava que um belo dia... A casa estava cheia de gente como era de costume. Filhos, parentes e amigos. Que sempre iam com frequência visita-la e comer dos seus saborosos bolos e peta, com café e sucos. Todos reunidos na sala. E não tinha nem um acento desocupado. Então eu cheguei arrastando o tal tamborete, eu era tão pequeno que não podia levanta-lo. Coloquei-o ao lado da minha avó e sentei segundo ela, com os dois cotovelos apoiados nos joelhos e as mãos no queixo. Toda vez que ela contava, ela fazia a mesma Sena que segundo ela eu fiz. Todos acharam muito engraçados a minha atitude. E um tio para puxar conversa comigo perguntou. Que tamborete é esse José? E eu respondi olhando para a minha avó. É o tamborete de minha avó mijar. Foi mesmo que fazer cócegas em todos eles. Alguns até hoje ainda relembra da Sena. Coisas de menino inocente.

José Paraguassú
Enviado por José Paraguassú em 27/08/2016
Reeditado em 27/12/2016
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