Lolly pets

Não passaram de três, os bichinhos de estimação da infância e juventude de Lolly. E nem chegaram a ser coevos. O que evitou algum laivo de favoritismo. Cada um, portanto, a seu tempo, a seu modo.

Primeiro foi o cão, a mais sublime paixão. Paulie, de nome batizado, era um anjinho encapetado. Marrom claro, peludinho, rabo encaracoladinho, volpino italiano de raça, desde a aquisição, até a extinção, foi uma graça, nos quatro anos que conosco viveu.

Bravo de latido, logo se fazia amigo e conhecido. Querido nos folguedos de Lolly e embora um tiquinho avesso a uma torneira de tanque, deleitava-se a seguir quando o secador de cabelos quase o punha a sorrir, a seguir. Passear de carro, com as patinhas na janela eram para Paulie um acesso antecipado à celestial janela.

Obediente e atento aprendeu muito para um infante. E um de seus mais relaxantes momentos foi quando causou tamanha perplexidade num curioso gurizinho de rua que achou que ele fosse um gato. Ao que não era estranho, a se julgar pelo tamanho.

O segundo bichinho, foi um pintinho que, de um dia, meses conosco viveria. Taffy. Confinado a uma caixetinha, nem que ciscar tinha. O que atrofiou suas perninhas, enquanto lhe nasciam as peninhas. Sua maior proeza foi escapar de um quarto andar para sobre um arbusto, quiçá com pouco susto, pousar. Embora fosse de dar pouca trela, ao menos evitou a panela. E nem deixou seqüela.

Peixoto foi o terceiro, já vivendo apartado da adolescente Lolly. Era um peixinho que no seu aquariozinho, territorial e sozinho, se comprazia em fazer bolhas de ar, única companhia que estava a tolerar. E era bonitinho de se ver com suas nadadeiras mais janotas que as lorotas das mulheres-rendeiras. Chiquinho e azulinho.

Agora, emprestada de quando em vez, da cadelinha Dolan, é a vez. Acha-se outra menina. Que alucina. Sua maior aventura, jura, é ser sequestrada - pela dona emprestada.

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 02/09/2015
Reeditado em 02/09/2015
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