O BARÃO E O COITADO

O BARÃO E O COITADO

Linda tarde de segunda, estava o barão a zombar do corcunda.

O barão que nasceu em berço de ouro, cheio de mimos belo e louro.

No mesmo dia nascia o “Coitado”, para sua mãe este não foi feriado.

O Barão era o senhor varão, o Coitado em nada era versado.

O Barão tinha a sua sezão era um Deus nos acuda na União.

Tinha o mais bonito cavalo, no terreiro o bravo galo, tudo para o seu regalo e até um corcunda como vassalo.

Se você acha que esta estória se passa na época antiga, você esta enganada minha leitora sonhadora e amiga. A estória se passa no momento contemporâneo, com receios dos tsunamis nos países litorâneos, da televisão a cabo e de terceira dimensão, do e-mail e do SMS levando a carta à extinção.

O pai do jovem barão, que tem o nome de Simão, com medo de perder o belo filho menino, foi atrás de tudo que é falado e do ensino, levou o cordão umbilical com sua sabedoria, para um banco sueco especialista em criogenia. Senhor Simão pagava uma verdadeira fortuna, em relação ao filho ao azar não deixava lacuna.

Como ocorre nos contos de fadas, tudo era belo e tinha espadas. O símbolo da realeza um leão, estampado em todo brasão. No castelo do Barão tudo era o mais moderno mesclado com estilos dito eterno, pintura renascentista ao lado de obra de um louco artista. Tudo era da maior e bela harmonia, até lembrava uma doce sinfonia. Tinha apenas uma coisa que quebrava o encanto e eram os moradores para o nosso espanto.

Irmão nunca teve o esnobe Barão Simão, assim como todos os outros com titulo de barão, o filho era Simão quinto e em nada era um menino distinto. A senhora dona baronesa fora modelo de revista como viera de família rica sempre era otimista.

Os Barões Simões eram conhecidos pela extravagância, festas suntuosas e pela sua arrogância. Vestiam de grifes famosas e as irmãs eram religiosas. A família dos barões vivia em evidencia a cada estação lançavam a tendência. Socialmente eram modelo de amor cristão no castelo o trato dos vassalos era outra questão.

E o casamento de conto de fadas do Senhor Simão e da Artista?

Sempre era citado como exemplo em tudo que é revista, o que ninguém sabia era o mais de mil casos que tinha o Senhor Simão não podia ver operaria, camponesa ou pedinte em seu campo de visão, ele tão nobre senhor da sociedade seduzia com muita humildade e depois que realizava sua felicidade expulsava a dita amada sem dignidade.

Um dia durante um baile grandioso de fantasia a baronesa amou o senhor Simão na academia, este não se sentiu satisfeito e saiu vestido de rei para repetir o feito.

O dia raiava no reino dito encantado, ele vê camponesa bela e fica arrepiado, ela filha mais velha de oito, pai aleijado na cama sem comer nem biscoito, trabalha na lida da roça levada para o campo por dura carroça. Dava de comer para todos na sua morada e ainda sonhava de um nobre ser namorada.

O Barão parou sua BMW vermelha, cercando-a como uma ovelha e com a linda jovem fez tanta sujeira que ao partir até perdeu a carteira. Ela viu quem era ele em seus documentos mandou devolver a carteira para ele apesar de todos os ferimentos.

Nove meses passaram nasce o Barão, que pela tradição também seria Simão e no campo longe do reino nasce coitado de mãe sem treino.

Sete anos longos suaves para o Barão

Setes anos árduos para o Coitado ratão.

Numa feira agroindustrial ocorreu à colisão, o mimado queria o deformado era a questão. Coisa fácil de resolver contratou como pajem e dormiria no estábulo ou na lajem e mãe acabadinha mais bonita seria mais uma criada esta maldita.

Voltando a tal da segunda-feira e a tal cena tão costumeira.

Os meninos brincavam de correr até que o barão leva um tombo e acaba tendo um esfolão, quem leva a culpa do acidente?

Coitado! Afinal este fugia das pedradas o incoerente!

O Barão estava tão contente com o estilingue, tinha que fugir este “coitado” pichelingue?!

Senhor Simão adorava a cor pálida do filho, não era manchado como plebeu andarilho.

O coitado corria como potro bravo, Barão logo se cansava, por que esforço se tinha escravo?

Outro incidente foi dia da raquete chinesa, para matar inseto e ficava sobre a mesa, o anjinho do barão queria testar a raquete em uma bolha feita de chiclete, mas esta seria na boca do Coitado. Este fugiu sob sol do meio dia apurado. O meigo barão correu atrás do corcova sob o sol isso era coisa nova. Conclusão:

Sangramento nasal!

Quem levou a culpa afinal?

Coitado o ser do mal.

Plebeu não aceita ingênuas brincadeiras de criança nobre com tais boas maneiras, essa foi à conclusão do Senhor Simão, pai do menino angelical e barão.

Coitado foi enxotado para um canto, mesmo o barão querendo sua presença para o espanto.

Um dia apareceram machas roxas no barão, com certeza era culpa do coitado aquele ratão!

O barão vivia sonolento e estava sem fome sem alento.

Cansado, estava o nobre tão terno seria o Coitado responsável por esse inferno?

O desfecho do que o Senhor Simão não queria perceber com sua visão se deu num dia de domingo, vômitos, dores de cabeças e sangue do nariz em forma de pingo. Isso ocorreu durante uma celebração, sem motivo e sem explicação.

Hospital de primeiro mundo, sem economizar fundo.

Diagnostico firmado e confirmado:

Leucemia!

Que porcaria!

Estado tão avançado que todos os recursos estavam esgotados.

O umbigo na Suíça? O investimento fará justiça.

O barão se submeteu ao tratamento de célula-tronco, complicações, problemas respiratórios e fala em forma de ronco e no final o resultado foi negativo apesar de que na teoria era positivo.

Na cama deitado estava à sombra do barão, parecia barro queimado pelo sol de verão, mesmo no período de isolamento o Coitado não o deixou nenhum momento. Afinal o feio corcunda menino era para o Barão amigo único amigo divino, pois o Senhor Simão não deixava criança chegar próximo do Barão para evitar uma contaminação mesmo lavando tudo com muito sabão.

Bolsa de sangue num braço magrelo, no outro soro com medicamento amarelo. Barão apenas piorando e as esperanças acabando.

O Senhor Simão numa crise de loucura, chama curador de tudo que é cultura. Padre católico com a santa unção, pastor com a bíblia em adoração, africano feiticeiro com galinha de angola e até ciganos que estavam pedindo esmola. Nada melhorou o Barão que estava leve como um botão.

Naquela segunda o medico diz sem travas na língua:

“O Barão vai morrer, já esta na míngua, se tivesse um irmão, poderíamos ter uma esperança então. Transplante de medula óssea compatível, mas para todos testados o transplante foi impossível.”

O Senhor Simão tem uma crise histérica na frente de todos e das empregadas domesticas.

Coitado que estava sentado ali vestido de palhaço vem de seu jeito estranho abrindo espaço, numa voz sem afinação e com rouquidão, diz para o Senhor Simão:

“Minha mãe me contou que do Barão sou irmão. Será que posso participar da doação?”

O Senhor Simão não teve outra reação, aplicou com suas mãos de aço uma bofetada na cara de tal palhaço.

O Coitado, mesmo com o nariz com inchaço, levantou e falou:

“Posso até ser motivo de embaraço, posso ter nome de Coitado e ter meu nariz sangrado, mas quero fazer o tal teste, pois mesmo o Barão sendo um peste, ele é o que o Senhor fez dele e não o que há no coração dele!”

Nem o coitado acreditava no que tinha falado o Senhor Simão estava agora irado.

O Senhor Simão já estava em riste à mão, quando o medico impedindo o cidadão.

“O Senhor pode ser abastado, mas sua atitude me deixou irritado!”

O medico foi cuidar do Coitado, que estava todo machucado. Com dó do Coitado, o medico afortunado, pede o tal do exame escondendo o fato do Senhor infame.

Resultado de compatibilidade

Cem por cento de compatibilidade

Exame de DNA do menino Barão

O Coitado era realmente seu irmão

Resumindo a narrativa.

Tudo sigilo e defensiva

O Barão aos poucos começou a melhorar, o Coitado nada de sarar.

A imprensa foi chamada para uma coletiva. O Senhor Simão elogiou os medicamentos com afirmativa.

Nisso surge o menino Barão, abatido e claudicando como um ratão. Ele queria falar como o Senhor Simão, pegou o microfone e pediu para todos seguir o capitão.

A imprensa para não contrariar Senhor Simão, foram rapidinho atrás do menino como rojão. O menino mostrou o setor de oncologia, pediu menos elegância e mais companhia. Mesmo fraquinho agradeço o voluntario palhaço e deu ele um grande abraço.

O Senhor Simão apenas falava: “este é meu menino, aprendeu tudo comigo e assim que eu ensino.”

Os repórteres e todos chegaram à enfermaria onde estava o Coitado. O Senhor Simão queria tirar o Barão dali mesmo que arrastado.

Tarde!

Restava apenas sentar o Senhor Simão Covarde.

O Barão mesmo estertorando foi no canto e foi logo abraçando.

“Este é Coitado Simão, mais nobre da linhagem Simão, pois nasceu com bom coração!”

A imprensa não entendia nada, todos pasmos tinha um até dando risada.

O Coitado mesmo todo abatido e complicado, deu seu sorriso mais brilhante e ao ver o sorriso no semblante era impossível de não ver na face do coitado a face do Senhor Simão e do seu irmão o Barão.

Noticia de primeira pagina:

FAMILIA SIMÃO DERRUBA A CORTINA

A doença do Barão foi uma benção ao irmão e a ele mesmo, pois agora deixara de viver a esmo.

E como todo conto de fada:

Viveram felizes para sempre.

Fim.

MORAL DA HISTORIA

Às vezes temos que levar uma bofetada da vida para acordamos para esta.

André Zanarella 27-04-2011