PAPAI NOEL PARA LAILA

Laila morava em uma chácara com seus pais, vivia em situação muito precária. Seus pais trabalhavam como caseiros para uma família japonesa que também não eram ricos, lutavam com dificuldades para viverem das hortaliças que cultivavam e pagar o salário dos poucos empregados que tinham.

Laila com sete anos não tinha brinquedos, o pouco que tinha, bonecas faltando um braço ou uma perna, boneca cega, conseguia no lixão perto da chácara onde o caminhão da prefeitura, que Laila e seus três irmãos chamavam de “Baú de tesouros”, descarregava “tesouros” vindos da cidade.

Toda vez que o “Baú de tesouros” chegava, Laila ficava ao longe esperando os filhos dos patrões que se sentiam no direito de escolherem primeiro os brinquedos que chegavam muitas vezes inteiros, assim sobrava sempre para Laila apenas os pedaços.

Laila sonhava em ter uma boneca que chorasse e tivesse cabelo para ser penteado, já tinha visto uma nas mãos de Keiko, a filha dos patrões, ficara encantada ouvindo o choro da boneca.

Outro dia foi a procura da mãe para pedir uma boneca no natal que se aproximava, não teve coragem para falar alguma coisa quando se aproximou, pois ouviu os pais comentarem que com o dinheiro que iriam receber teriam que pagar a mercearia onde compravam fiado e que não sobraria nada para a ceia de natal. Afastara sem nada dizer, não iria trazer mais preocupações aos pais.

Passaram-se os dias, na véspera de natal o “Baú de tesouros” estava chegando, Laila de longe acenou um oi para o motorista que já conhecia, esperava as outras crianças se afastarem para ver se encontraria algum brinquedo, quando o motorista desceu com uma linda caixa embrulhada em um papel colorido amarrada com fita vermelha, se aproximou dela e lhe disse:

- Feliz Natal!

Laila meio envergonhada pegou a caixa, saiu correndo, de longe lembrou–se de agradecer, acenou ao motorista que ficou parado olhando-a se afastar.

Quando abriu a caixa deparou-se com uma linda boneca que piscava-lhe os olhos parecendo oferecer seus belos cachos para ser penteados.

Abraçou-a apertando tão forte que levou um susto quando a boneca chorou.

Laila chorou também.

Hoje Laila já com 60 anos olha sua boneca que só não cresceu mas envelheceu também ficando careca, e de cima do guarda roupa ainda lhe dá algumas piscadas.