BARBA TRANÇADA

No alto da montanha, do lado direito da pedra grande, vivia Belmiro, mais conhecido por barba trançada.

Seu apelido era o resultado das trancinhas que ele fazia na barba longa e mal cuidada. E por viver na oca da pedra grande que ficava no cume da montanha caparoense.

Com pés descalços, roupas sujas, unhas enormes e um cheiro desagradável, assim era Belmiro.

Ele vivia longe de todos e de tudo.

Da entrada da gruta onde morava, ele tinha uma visão panorâmica de toda região.

Uma pedra achatada amarelada, numa patamar alto e muito ventoso, servia-lhe de banco para esperar as horas observando o dia passar.

Dentro da gruta, um fogão de lenha, um canto com colchão feito de paina jogado no chão. Dois cobertores que com certeza ganhou de alguns dos moradores mais próximos da Gruta.

Um bule de café já meio frio, uma lamparina e um isqueiro à pedra e ambos movidos a querosene.

Um enorme pedaço de fumo de rolo e algumas palhas de milho jogadas pelo chão.

Algumas panelinhas de ferro, tão pretas quanto breu e uma gamela de madeira.

Uma faca bem amolada, pois as pedras pequenas e cortadas da montanha eram como um fuzil faziam os instrumentos pegarem cortes como nunca vi.

Um cachimbo de caçarola grande e um cabo bem comprido e torto para baixo ao lado do bule.

Algumas vestimentas jogadas dentro de um caixote velho.

Um chapéu já amassado e desgastado pelo tempo.

Na entrada da gruta uma pitangueira que no tempo devido, fornecia grandes e lindas pitangas.

Um cachorro vira-lata meio cinza e branco já com certa idade e que recebia a todos sem dar um latido, apenas balançando a calda em sinal de amizade.

Algumas galinhas caipiras e um galo rode muito bonito, todo carijó de vermelho.

Ao lado esquerdo da gruta, distância de uns cinquenta metros, uma biquinha de água cristalina que produzia um alarido extremamente relaxante.

A água que passava docilmente por entre as pedras despencava pelos paredões em direção ao rio que passava no fundo do grotão.

Assim era o local onde vivia o eremita na oca de pedra no alto daquela montanha do Caparaó.

De repente, pelo barulho, era Barba trançada que estava chegando de algum local onde cultivava algumas plantações para sua sobrevivência.

Esperamos e começamos uma longa conversa com ele.

É isso aí!

Acácio Nunes

Acácio Nunes
Enviado por Acácio Nunes em 22/05/2017
Reeditado em 21/09/2017
Código do texto: T6006170
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