Branco vaqueiro

Tem pessoas que mesmo simples, vivendo uma vida pacata e sem ostentação consegue deixar exemplo de grande cidadão. Tenho na lembrança um tio que nasceu, viveu e morreu no sertão. Tinha suas fazendas, em cada uma delas tinha seu vaqueiro, mas ele admirava a vida e a coragem do vaqueiro e desde sedo aprendeu sua profissão. Era um homem branco tinha os olhos azuis era descendente de alemão. Suas fazendas tinha muito gado, muito bem cuidado, o melhor gado da região. Ele tinha seus cavalos de sela para passeios, viagens e os cavalos de campo. Que só ele montava. No sertão do Piauí a alguns anos atrás, o gado era criado solto nas chapadas e só iam para o curral quando uma vaca paria. Que era para amansar o bezerro e da o leite para o fazendeiro e depois quando era para vender, o boi ou a vaca velha que não produzia mais. E muito desses bois ficavam bravos correndo nas chapadas e os vaqueiros não conseguiam pegar. Era preciso ser muito bom o vaqueiro e o cavalo se não o boi ia embora. Muitos deles ficavam famosos por serem corredores e ninguém pega-los. Alguns eram valentes, quando o vaqueiro se aproximava muito deles e que estava perto de pega-los. Eles viravam e furavam os cavalos com suas pontas (chifres) que era as suas armas de defesa. Chegavam até a matar os cavalos. O meu tio se especializou em pegar esses bois. Quando tinha um boi famoso, corredor que ninguém conseguia pegar. Ele ia procurar o fazendeiro dono do boi e comprava-o na chapada, no (mato) pra ele mesmo pegar. Muitas vezes ele nem conhecia o boi, colhia as informações do animal. Cor, localização e a marca do fazendeiro ferrado no boi. Não contava a ninguém que tinha comprado o boi. Voltava na sua fazenda, pegava o seu cavalo de campo que vivia descansando em uma roça boa de pasto. E ia montado em outro cavalo ou borro, puxando o cavalo em que ele ia correr para pegar o boi. Quando chegava ao lugar do pasto do boi, ele tirava a sela do animal em que foi montado e colocava no cavalo em que ia pegar o boi. Sai procurando até encontrar o boi. Ai começava a verdadeira batalha de gigantes. O boi correndo para não ser pego, e o vaqueiro correndo no seu cavalo, rasgando a mata fechada para atingir o seu objetivo que era pegar o boi. Muitas vezes o boi virava e o vaqueiro para se defender e defender o seu cavalo metia a faca no boi. Muitos morriam ali mesmo na chapada. E o meu tio tinha que ir buscar jumentos ou burros para levar a carne do boi para a casa. Mas normalmente ele conseguia pegar esses bois corredores e valentes sem precisar mata-lo na ponta da faca. E ele voltava pra casa triunfante, com o seu troféu. Tocando o boi que muitos outros vaqueiros tentaram pegar e não conseguiram. Por isso ele ficou conhecido e afamado na região como o branco vaqueiro. E eu tenho muito orgulho desse tio, que viveu fazendo o que gostava com a coragem que poucos brancos tinham mesmo correndo risco de vida.

José Paraguassú
Enviado por José Paraguassú em 23/10/2015
Código do texto: T5424563
Classificação de conteúdo: seguro