Convite Famigerado
A professora, faço convite
para vosmicê opinar
Se as letras que vosmicê
Ensinou-me, já posso publicar?
estou muito acabrunhado
com medo até de mostrar
Nessas tortuosas linhas
Que seu aluno acabou de rabiscar
A professora peço então
Dê desconto, se, zangue não
Trabalho bom, a professora fez
Medo besta, tenho eu
De mostrar para outro alguém
Que pode, não entender bem
E dizer que a professora
Não fez, seu trabalho bem
Isso iria me deixar zangado
De fato muito contrariado
Chamaria meus irmãos
Falaria em particular
Iria nosso plano armar
Para acabar com quem Maltratar
A professora, que veio aqui letrar
Os broncos desse lugar
Mas se a professora concordar
Acha que minha garrancheira
Não está de doer
Nem que está de matar
Eitá já confundi
Garrancheira com garruncha
Quando fui estudar
Misturei as letras miúdas
É melhor pararmos
Para resolver
Porquê o revólver, não pode
Impedir, o homem de instruir-se
Achei melhor tentar estudar
Para meu destino mudar, Pois já estava traçado
Quem sou eu, para achar que letrado
Vai ler essa garrancheira
Que trazia dentro da cartucheira
Que ficou toda furada
Do tiro que acertou meu peito
De sorte que o brochura
Que tinha por ele, doçura
Que a professora disse-me
Para levar sempre no bolso
Para as letras praticar
Senti o balaço no peito
Cai de cima da sela
Balaço para todo lado
Quando abri os olhos
A fumaça cobria tudo
Vi meus irmãos ao meu lado
Um monte de corpos esticados
Achei que estava morto
E o capeta veio me buscar
Mas os irmãos sorridentes
disseram, tem sorte mano Adalto
O balaço que acertou seu peito
Ficou grudado no brochura
Onde vivia a escrevinhar
Já que não morri
Nessa peleja bruta
E a morte, não quis me levar
quero a professora então convidar
Quero dar testemunho
De fato quero falar
Quem carrega um livro
pode até da morte escapar
Reforço então o convite
Se a professora achar que convém
Se não achar vergonhoso para vosmicê
Espero vosmicê se pronunciar.
Vosmicê aceita?
Monteiros Dalton