Como Um Farol Na Noite

Em meio a tormenta em alto mar

O navegante desorientado, em aflição,

Viu seu barco a deriva, açoitado pelas ondas,

Ser sacudido com violência sem rumo.

E na escuridão da noite turbulenta

Se perderiam seus sonhos e projetos,

Não havia esperança de reencontrar

O curso que o levaria de volta ao porto,

Tudo acabaria naquela noite fria e cruel.

Quando cessaram os relâmpagos

Mesmo em meio a nuvens negras,

Visualizavam-se lampejos de uma luz

Pequenina e tênue bem ao longe,

Intrigado o navegante indagou-se,

Não poderia haver estrelas

Em meio a escuridão de densas nuvens.

Percebeu então, tratar-se de um farol,

Regozijando tomou a carta de navegação

E tendo identificado a localização do farol,

Com júbilo refez o traçado de sua viagem,

Tomando rumo certo a um porto seguro.

Sempre alegre relatava aos amigos

O significado do farol que o salvara,

Porém jamais voltou ao local do farol.

Principalmente por se tratar de área de risco,

Perigosíssima para os navegantes,

Sendo impossível sua visualização de dia,

Pois não haveria a possibilidade

De uma aproximação adequada para avistá-lo,

Uma vez que a luz do sol ofuscava-lhe o brilho.

Apenas a noite era possível ver o farol,

Mas jamais qualquer navegante retornaria

Ao local onde sobrevivera ao terror,

Apenas para rever o farol que o livrou

E sendo assim, o farol permanece

Solitário, como que vítima da ingratidão,

Emitindo lampejos constantes na noite,

Como num pestanejar angustiante,

Sempre pronto, a sinalizar o caminho

E a direção, para os que estão perdidos.

Mesmo que nunca receba dos mesmos

Nem sequer uma visita de agradecimento

Há quem se assemelhe a um farol

Cujo brilho só se nota em meio a noite

Tempestuosa, de angústia e pavor.

Da qual ninguém jamais quer se lembrar

A Carlos Borges
Enviado por A Carlos Borges em 06/08/2013
Reeditado em 14/09/2014
Código do texto: T4421337
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