Desalento

Deitado em sua cama ele pensava nela dormindo ali no quarto ao lado.

Pensava no seu corpo que por tanto tempo ele tocava com paixão.

Pensava nas mãos, na boca que lhe tiravam os sentidos quando tocavam seu corpo.

Ela estava lá naquele quarto onde viveram tanto amor.

Ah! se aquelas quatro paredes falassem. Teriam muitas histórias pra contar.

Mas elas apenas assistiam cheias de inveja ao amor deles.

Ele nunca entendeu porque de repente o amor começou a esfriar.

As brigas tomaram lugar do carinho. Eles se ofendiam.

Por fim nem dormir na mesma cama eles conseguiam mais.

Continuavam casados, mas mal se falavam.

No entanto nenhum dos dois tinha coragem de decidir pela separação.

Sem conseguir dormir ele passeava pelo passado quando a conheceu e se apaixonou.

A atração entre os dois foi imediata. Atração incontrolável.

Logo, logo estavam nos braços um do outro.

Lembrava de cada momento que passaram juntos.

Mas alguns marcaram para sempre.

Como as vezes que ela saía do banho nua.

Ele, deitado, a esperava. Olhava seu corpo, seus seios perfeitos.

Seios que se encaixavam perfeitamente em suas mãos, feitos para seus beijos.

Ele via na sua frente a mulher mais linda do mundo.

E caindo em seus braços ela o beijava e se amavam como se fosse a última vez.

Quando ela estava ausente ele sentia seu perfume, seu cheiro nos lençóis, no travesseiro.

Às vezes, sonolento ele abraçava o travesseiro pensando ser ela.

Percebia então que ela estava apenas em seu coração e em seus desejos.

Sintomas de quem ama de verdade.

Pensava que sua vida se dividia em antes e depois de conhecê-la.

Dizia que era pra ela que os pássaros cantavam.

Pra ela o sol brilhava, aquecia e bronzeava sua pele.

Para vê-la a lua e as estrelas surgiam no céu ao anoitecer.

As flores a olhavam com inveja.

A música a envolvia com amor.

Dizia que Deus a fez do tamanho exato pra caber em seu coração.

Pensava que só conheceu o sabor e o prazer da vida com ela.

Era apenas um desenho e ao conhecê-la tornou-se um homem feliz.

Tudo era bom ao lado dela, do café da manhã ao último beijo antes de dormirem.

Sua voz, sua cor, seu sorriso, seu cheiro, seu jeito de tocá-lo. Tudo o encantava.

Com ela aprendeu o que é amar. Sentiu a dor de estar longe e o que é saudade.

Ela era sua luz, energia, paz, coragem, alegria, prazer, encanto…

Era forte, mas ao lado dela sentia que era apenas um menino carente de seus beijos.

Indescritível o desejo que sentia quando ela chegava e o envolvia.

Tudo com ela era prazer. O coração disparava até com seu olhar cativante.

O roçar dos cabelos, o enlaçar das pernas, os abraços, os toques sutis.

Ela era seu diamante, seu tesouro, seu ar mais puro, sua água mais cristalina…

Olha o relógio. Duas horas da manhã e o sono não vem.

Queria bater na porta do quarto, acordá-la, dizer que ainda a ama tanto.

Mas o orgulho, o medo da rejeição não deixam que ele tente ser feliz novamente.

E se tivesse coragem? Será que ela cairia em seus braços?

Talvez amanhã vença o medo, se declare e peça pra voltar a se aninhar em seus braços.

É tudo que queria. É tudo que traria vida e cor novamente à sua existência…

Nádia Gonçalves
Enviado por Nádia Gonçalves em 03/01/2024
Reeditado em 03/01/2024
Código do texto: T7968195
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