O garoto de olhos verdes musgo (capítulo 01)

O garoto de olhos verdes musgo sorriu gentilmente para mim e senti o rubor, nem mesmo consegui retribuir o sorriso. Ele encarou outro garoto – não tão lindo quando ele-, e depois me encarou novamente, acenou e deu uma piscadela na minha direção. Eu lhe mostrei o dedo médio e deixei o refeitório. “Outro babaca.”

No final da aula, esperei sentado sobre os calcanhares, minha melhor amiga dar uns beijos no garoto mais popular da escola, César Henrique, e acabei por roer as unhas de ansiedade.

O garoto de olhos verdes musgo estava junto de Melissa Marques, outra garota popular. Ele parou de acompanha-la quando encontrou o meu olhar e murmurou algo para a mesma, que acenou e foi para o estacionamento. Ele veio elegantemente na minha direção e, acabei não resistindo, sorri angelicalmente e me pus de pé.

- Olá – disse ele, depois estendeu a mão, que apertei sem hesitar. – Meu nome é Jonas. Só Jonas.

Estremeci com o contato físico e com a intensidade de seu olhar. Ele me intimidava. “Porra!”

- Olá Jonas, meu nome é Lucas. Lucas Alvarez.

- É feio mostrar o dedo médio para os colegas – disse ele e deu de ombros.

- Colegas? Foi mal. – Encarei ele. – Por quê piscou pra mim?

Ele sorriu e disse:

- Porque estou a fim de você, acho...

Ergui as sobrancelhas.

- Também estou surpreso. – Disse ele, depois tirou do bolso uma caneta preta e, em seguida, ergueu a palma da mão para mim.

- Por favor? – Continuou ele.

Estendi a mão para ele, que pegou com firmeza e escreveu no meu pulso com a caneta.

- Me ligue... Até mais!

Jonas se foi, eu suspirei e dei uma olhada no número no meu pulso. “Ligarei? Eu não sei...”

Renata e César voltaram alguns minutos depois de mãos dadas. Sentei-me no banco de trás do carro de César e apoiei a cabeça na janela.

“Sim, eu ligarei”.

O número de Jonas não saía da minha cabeça, mas nem toquei no telefone, apenas anotei o número na agenda. “Não ligarei.”

Entrei no meu quarto, peguei uma tela, pincel e tinta. Pintar era uma distração. Mamão sempre me influenciou a pintar, como uma forma de expressar meus sentimentos.

Inconscientemente eu comecei a pintá-lo, suas feições, detalhe por detalhe, e acabei nem vendo o tempo passar. Não terminei. Consegui pintar o formato de seu rosto, a linha de seu maxilar e seus lábios finos, os olhos miúdos – verdes musgo -, e o nariz fino e delicado, mas não ficou exatamente como eu imaginava, o único jeito de ficar próximo do real seria se eu tivesse uma imagem dele... Ou ele pessoalmente.

Desci para jantar com os meus pais, Lívia e Rodrigo Alvarez, depois subi para o meu quarto novamente. Me banhei. Fiz meus deveres e me deitei. Fiquei com a imagem dele na minha cabeça, o sorriso largo e o seu jeito descontraído. O cabelo curto e louro, e as linhas bem definidas de seus músculos marcando o uniforme. Eu fechei os olhos e tive um pequeno vislumbre de seu rosto. Sorri.

Dael Gonçalves
Enviado por Dael Gonçalves em 10/08/2023
Código do texto: T7858585
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