A Roda da Felicidade - Parte 1

A RODA DA FELICIDADE

_Sim, eu aceito!

Com lágrimas nos olhos Lara disse o “sim” que mudaria definitivamente a sua vida. Nunca imaginou que um dia receberia a proposta que transformaria seus dias de solidão em alegres tardes de verão, e que ao seu lado teria alguém para chamar de seu, sem sentimentos de posse ou obsessões, simplesmente um companheiro para compartilhar com ela os caminhos do coração e dar vazão aos sentimentos que por tanto tempo se perderam nos ecos da sua solidão.

Nunca fora bonita, nem roubara olhares dos rapazes, desde criança lutava contra o sobrepeso, que ao longo da sua vida lhe rendera muitos apelidos maldosos, porém era dona de um caráter e de uma nobreza infinitamente superior à efemeridade da beleza.

E foi essa sensibilidade e honradez que chamaram a atenção de Cristiano, um rapaz que sempre buscou mais do que meros padrões e enxergou na simpática florista, o sorriso mais encantador e a grandiosidade de espírito que seria indestrutível pelo impiedoso passar do tempo.

Naqueles meses em que se conheceram, ela foi aos poucos cativando seu ser carente de atenção e cuidados, e o que surgiu como uma mera amizade, transformou-se em paixão e naquela tarde ele teve a certeza de que a queria ao seu lado para toda a existência, porque na brevidade dos dias que nos cerceiam, não há tempo a ser perdido, nem sentimento a ser poupado.

Na roda da felicidade tocada pelo destino, ele simplesmente fecharia um ciclo iniciado pela própria Lara numa comum manhã em que um simples gesto de bondade deu sequência a uma cadeia de ações nas quais o amor encontrou seu caminho e do seu jeito faceiro, superou a razão.

Quinta-feira, sete horas da manhã de um dia qualquer do corrente ano.

Desde que fora deixado pela esposa, Rafael alimentou a ilusão de que poderia recuperar o casamento que há muito já estava desfeito.

Aos quarenta e cinco anos acreditava que não teria mais tempo para recomeçar uma nova história e nem paciência para encontrar um novo alguém, por isso a certeza de que tudo acabara só lhe atingiu violentamente com a força da verdade na manhã da assinatura dos papéis do divórcio, em que sua ex mulher chegara acompanhada do seu ex melhor amigo e lhe atingiu a amarga conclusão de que realmente tudo estava terminado.

Desde então, seus dias se tingiram de cinza e sua vida se resumia em sair de casa para o trabalho e deste de volta para o lar, num ciclo de monotonia que lhe garantia uma zona de conforto que pelo menos, atenuava a dor do seu coração despedaçado.

CONTINUA…