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ENCONTRO MARCADO

 

 

Tantos dias passaram desde que se tinham encontrado… fora amor à primeira vista… nada do seu jeito, pois sempre tivera muito cuidado com os passos que dava e nunca se envolvera sem que tivesse a certeza das boas intenções e perfil adequado da pessoa em questão. Mas dessa vez foi tiro e queda, mergulhou nas asas da paixão sem olhar às consequências… apaixonara-se como uma bobinha, entregara-se e depois aguardou ansiosa pelo dia em que tinham combinado encontrar-se de novo. O local era um café na zona central da cidade.

No entanto, no dia aprazado, esperou por ele quase uma hora, telefonou-lhe várias vezes sem resposta e então ficou na dúvida se tinha havido sinceridade nas palavras doces e sentidas que ele lhe segredara no auge do amor…

Passaram-se várias semanas sem que houvesse um telefonema, uma justificação. Concluiu que tinha havido alguma precipitação de ambos pois desconheciam os respetivos endereços, apenas dispunham os números de celular.

Então ela soube que era possível determinar a morada dele através da empresa operadora do celular (nem era a dela), mas o orgulho impediu-a de desenvolver essa iniciativa, pensou que ele também o poderia ter feito se estivesse mesmo interessado nela.

No entanto, acabou por se decidir e numa loja central da tal operadora, após muita insistência, tendo arranjado uma desculpa esfarrapada, soube da morada dele.

No dia seguinte, um sábado, resoluta, dirigiu-se ao endereço indicado.

Recebeu-a uma senhora que se identificou como irmã mais velha, que lhe disse que ele sofrera um acidente de viação, partira uma perna e um braço para além de várias costelas e por isso estava internado num hospital. Tal ocorrera há umas semanas atrás e pela data ela percebeu que lhe tinha sido impossível comparecer ao encontro, ficando também privado de alguns bens pessoais, inclusive o celular, dado o automóvel ter ficado quase todo destruído. A culpa não tinha sido dele mas sim de outro condutor, imprevidente, que não respeitara um sinal de stop num cruzamento.

Muito emocionada, despediu-se da senhora e sabendo do horário das visitas, resolveu ir ao hospital no dia seguinte, domingo. Sabia que a admissão de visitas era limitada, mas contava com a boa vontade da família dele, bem como dos funcionários de serviço.

As horas pareciam dias, semanas, demoraram muito a passar até chegar à altura da visita, e cedo, sem que alguém lá estivesse para tal,  entrou no quarto onde ele se encontrava.

Vendo-o na cama, assim com gesso num braço e numa perna, que estava parcialmente esticada com pesos, não pôde abafar um suspiro e logo se dirigiu a ele, de braços estendidos. Acariciou-lhe o rosto, segredando-lhe palavras de amor e estímulo. O homem olhou-a com ar de cachorro abandonado, um mudo agradecimento pelo carinho que ela lhe tinha demonstrado e, com algum cuidado, abraçaram-se de novo.

Ela encheu-o de beijos e então percebeu que tinha sido injusta no julgamento da situação.

Abraçou-o de novo e ficou com o rosto no peito dele, uma lágrima rebelde correndo e aliviando-a de todo aquele stress que sofrera nos últimos dias.

Um olhar de esperança foi recebido por ele, que sorriu perante o amor que ela lhe evidenciava. Haveria de se curar e então conversariam melhor, estariam mais tempo juntos e entender-se-iam…

 

 

 

 

 

 

 

 

Ferreira Estêvão
Enviado por Ferreira Estêvão em 09/09/2022
Código do texto: T7601615
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