Eu Escolho você- Capitulo 3

No dia seguinte eu acordei com meu irmão Caíque pulando em cima de mim. Como era algo que eu já esperava, acabei chingando menos. Na noite anterior eu havia deixado o notebook do lado da cama dele quando ele dormia.

- Você e o melhor irmão do mundo.

- Vê se agora você toma cuidado e não deixa o Felipe pegar.

- Vou trancar no meu guarda-roupa. Obrigado. Eu amo você.

- Também te amo seu moleque.

Ele me deu um beijo na bochecha e saiu correndo para o quarto, provavelmente para configurar o computador novo, como eu já estava acordado, decidi levantar. Depois de lavar o rosto no banheiro, desci para tomar café. Pelo visto todos ainda estavam dormindo. Fiz um copo de leite com Nescau e me sentei no sofá para assistir TV. Eram 11h30min da manhã quando ouvi meu celular tocar no quarto, subi correndo para atender. Era o Rogério.

- Bom dia Anjo, como foi sua noite?

- Excelente.

- Acredita se eu disse que estou com saudade?

- Acho que sim, porque eu também estou.

- Bom saber disso. Está de folga hoje?

- Sim, trabalho de segunda a sexta.

- Legal, eu como professor também, mas muitas vezes tenho trabalhos e provas para corrigir, ai perco o final de semana todinho. Vai fazer o que hoje?

- Ver TV, dormir. Nada demais. Meus finais de semana tem sido monótonos.

- Que triste ouvir isso. Mas eu tenho uma ótima idéia para tirar você disso.

- Estou ouvindo.

- Vamos dar um passeio no parque Ibirapuera? Fazer um piquenique, o que acha?

- Por mim tudo bem. Você vem me pegar que hora?

- 12:30 pode ser?

- Claro, uma hora e suficiente. Vou pedir pra minha mãe fazer algo para eu levar.

- Tudo bem. Até mais tarde.

Desliguei o celular e corri para o quarto da minha mãe, ela estava passando roupas, me deitei na cama dela, que percebendo minha alegria já foi perguntando.

- Vai sair com o Rogério de novo?

- Sim, vamos para o Ibirapuera fazer um piquenique.

- Você ta gostando dele mesmo né? Conheço-te.

- Desde que eu terminei com o Lucas que alguém não me deixa tão mexido. O sorriso dele acho que foi paixão a primeira vista. Mas tenho medo de me magoar de novo.

- Filho, a vida não e feita só de coisas boas, você vai sofrer muito até encontrar a pessoa certa.

- Será que e cedo para dizer que to afim dele?

- Claro que não, vocês já tiveram um encontro, estão se conhecendo. Ele e legal, um bom rapaz. Tem tudo para dar certo.

- Mas posso assustar ele se falar no segundo encontro que estou a fim.

- Ele também está a fim de você filho, eu percebi no olhar dele.

- Então mãe, eu sei que você está ocupada, mas será que pode fazer algo para eu levar para o piquenique?

- Claro meu amor, pode ir tomar banho que eu faço e deixo em cima da mesa. Tem um bolo que eu fiz ontem, ele vai amar.

- Te amo muito mãe.

- Também te amo, espero que vocês fiquem juntos, quero meu filho sendo feliz. Você merece.

Dei um beijo na bochecha dela e corri para tomar banho, as 12:30 em ponto o Rogério buzinou na porta de casa. Peguei uma cesta pequena em cima da mesa e sai para encontrá-lo. Entrei em seu carro e guardei a cesta no banco de trás, junto com outra um pouco maior que ele tinha trago.

- Pelo visto vamos comer muito.

- Eu tinha algumas coisas em casa, como não sabia quanto tempo iríamos ficar, optei por trazer bastante, e eu não almocei ainda.

- Minha mãe colocou um bolo aqui, de laranja, acho que você vai gostar.

- Tenho certeza que sim.

- Então vamos?

- Não ganho nem um beijo?

Ele fez biquinho pra mim e eu me aproximei, dei um leve selinho e então ele ligou o carro. Como era final de semana, não havia muito trânsito, chegamos ao parque em menos de meia hora, ele deixou o carro no estacionamento e fomos andando com as cestas em direção a uma área mais vazia e com a grama mais vasta. Ali ele estendeu duas tolhas enormes, em uma ele colocou as comidas. E na outra, nos sentamos.

- Bom, eu trouxe frutas, lanche natural, suco e vitamina. E você?

- O bolo de laranja e alguns mini salgados que minha mãe faz de vez em quando. Ela não colocou nada para beber, ainda bem né, porque você trouxe bastante.

Comemos em silêncio, apenas ouvindo o barulho dos pássaros, a brisa do vento no rosto. Aquele silêncio era incrível. Morar em São Paulo era cansativo, mas momentos como aquele traziam um relaxamento único. Quando comemos tudo que agüentamos, ele se encostou em uma arvore próxima. Sentei-me ao lado dele, e ele estendeu a mão para mim, ficamos de mãos dadas, lado a lado, apenas sentindo aquele calor que emanava de nossos corpos, como se conversássemos pelos poros de nossas peles.

- Rogério?

- Sim?

- Posso te fazer uma pergunta?

- Claro.

- O que isso está sendo pra você?

- Isso o que?

- Nós dois, o encontro de ontem. Hoje.

Ele abriu os olhos e me encarou sério. Então segurou meu rosto.

- Eu senti algo quando te vi a primeira vez, algo que não sei explicar. Não foi amor, ou paixão. Porque eu acredito que esses sentimentos não surgem do nada. Precisam evoluir e serem moldados. Senti vontade te abraçar, de colocar você em meus braços, de te dar carinho. De te beijar, de ser seu amigo, confidente. Você tem um brilho no olhar, que eu nunca tinha visto em nenhum outro homem. E isso me deixou sem ação.

Eu sentia meus olhos marejados, porque aquilo era tudo que eu sentia em relação a ele.

- Eu não posso dizer que eu sei se isso vai dar certo. Mas eu quero muito. Eu preciso, eu sonho que isso vai dar certo. Eu quero estar com você, pelo tempo que a vida nos permitir. Então, eu não sei quanto a você, mas para mim isso já e um namoro.

Suspirei forte com o que ele disse. Então comecei a chorar e rir ao mesmo tempo. Ele ficou surpreso.

- O que foi?

- Desculpa, e que você falou coisas tão lindas, estou sem palavras.

- Isso e algo bom?

- Claro que sim.

Aproximei-me dele e o abracei, forte e apertado. Tentei colocar naquele abraço todos os meus sentimentos, como se eu precisasse mostrar a ele que eu sentia o mesmo. Que eu estava me apaixonando por ele. E que eu o queria em minha vida também. Quando o soltei, ele fingiu estar com dor.

- Nossa você me machucou, que abraço forte.

- Bobo.

Ele se deitou na toalha e eu deitei minha cabeça em seu peito, recebi um carinho nos cabelos enquanto ele assoviava baixinho olhando para as arvores. Então sem aviso prévio ele começou a cantar:

So love me like you do, lo-lo-love me like you do

Love me like you do, lo-lo-love me like you do

Touch me like you do, to-to-touch me like you do

What are you waiting for?

- Essa música.

- E o seu toque de celular, eu sei. Tocou quando eu te liguei a primeira vez. E acredite ou não. E o toque do meu também.

- Você gosta da Ellie?

- Não sou muito fã, mas essa música e uma das lindas que eu já conheci. E se encaixa perfeitamente no que sinto por você.

Olhei para ele por cima, ele sorriu um sorriso travesso. Como o de uma criança quando e pego fazendo travessuras.

- Sua voz e linda.

- Sim, mas eu só vou cantar para você.

- Promete?

- Prometo.

Aconcheguei-me mais em seu peito. Eu não entendia muito da vida, e talvez nunca entendesse esses sentimentos que surgem do nada em nossos corações. Mas eu sabia que naquele momento eu era o homem mais feliz do mundo, e mesmo sem saber se aquilo iria durar ou não. Eu iria aproveitar cada segundo.

CleberLestrange
Enviado por CleberLestrange em 14/03/2022
Código do texto: T7472799
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.