O amor de Dalva e Francisco-5

Quando ela se encontrou com Janete, Dalva falou sobre suas impressões:

-- Jana, o que você acha daquele amigo do Francisco, você que sempre o vê por lá?

-- O Pedro? Ah! Ele parece ser legal, é sempre bem educado, não tenho o que falar direito, não. Mas, porquê? Já está querendo trocar de namorado, é?-- brincou Janete, fazendo cosquinhas na amiga.

-- Para! Não é nada disso, sua maluca!-- disse rindo-- Eu tenho a impressão de que ele não simpatiza comigo, sempre me olha de um jeito esquisito.-- completou, adquirindo um ar mais de preocupada.

--Não deve ser nada, Dalva. Talvez o Francisco seja ciumento e o Pedro já saiba disso antes de você.

--Será?! Não sei, não, viu...

--Dalvinha, meu amor, passa lá em casa pra gente conversar melhor. É que agora tenho que trabalhar. O patrão já está ali de olho em mim, e eu preciso desse emprego, né amiga? Falou Janete, fazendo uma expressão de quem fora flagrado fazendo algo impróprio.

-- Ai! Desculpa... Vai lá, vai, antes que você perca o seu emprego por minha culpa. Tchauzinho.

Janete adentrou ao seu trabalho, sob o olhar de reprovação do patrão que apontou o relógio de pulso, franzindo a testa, cerrando os lábios e acenando negativamente a cabeça.

Mas Janete, que era muito carismática e amada pelos clientes, entro rapidinho, fazendo cara de arrependida e um sorriso no olhar e, quase numa leitura labial, unindo as mãos, disse baixinho, ao passo que corria para assumir o seu posto:

-- Desculpa, patrãozinho!

No dia seguinte, Dalva não foi à padaria como de costume, pois sua mãe havia feito bolo de aipim com coco para o café da manhã e também tinha fruta-pão cozida, que era muito comum em Recanto Feliz.

Contudo, à tarde, Janete apareceu na casa de Dalva. Quem atendeu foi a mãe dela:

-- Janete! Você por aqui? Quer falar com Dalva?

--Boa tarde, dona Idalina. Tudo bem? Gostaria sim, ela está?

--Ah! Sim. Pode entrar, ela está no quarto.

Janete adentrou a casa, rumo ao quarto.

-- Olaá! Dalvinha dorminhoca, vim lhe ver.

-- Jana? Não esperava você aqui. Eu estava lendo um livro, A Escrava Isaura, de Bernado Guimarães, já leu?

- Ah! Sim. Pobre Isaura, tendo que sobreviver a Leôncio, Henrique, Malvina...

--Pode parar! -- Interrompeu Dalva, rindo-- você não vai tirar-me a graça de descobrir sozinha, né?

-- Está certa! Está bem. Mas amiga, eu vim aqui porque o francisco deixou um bilhete pra você?

-- Pra mim? Cadê? Dá logo aqui.

-- Aqui está. Mas você vai ler pra mim,não é?

-- Está bem, você merece saber. Respondeu Dalva pegando e abrindo o bilhete que dizia:

"Minha querida Dalva, sem ti cada segundo é sinônimo de saudade. Prendeste meu coração ao teu, e não quero me libertar, ao contrário, não vejo a hora de voltar e ficar ainda mais enredado na doçura dos teus beijos. Volto já, meu amor"

Janete ao ouvir o que tinha escrito no bilhete, se jogou na cama da amiga suspirando a frase "O amor é lindo!"