Um soneto só seu

A avenida Rio Branco está silenciada. Devido as fortes chuvas, o estado, assim como o poder judiciário, decretaram ponto facultativo. Não há o repetitivo som de uma terça feira no centro da cidade do Rio de Janeiro. Não ligo a tevê, nem o rádio. Sinto o cheiro do café, e apesar do frio me sinto confortável, estendido.

Não sei ao certo o que cabe dentro de mim, dos sentimentos tocados por músicas, cheiros, do gosto... Mas no meu imaginário opino por um novo ciclo, que dará consequência ao anterior.

Lice brinca no chão da sala. Ouço as batidas de suas pequenas mãos ao contato com os móveis. Se eu pudesse enxergar o meu passado melhor... afasto esse pensamento.

Abro as janelas e percebo que há luz lutando para ser notada. A praça Mauá lavada, alguns carros tentam se encontrar em meio ao mundo mudo. O meu silêncio, o teu... O silêncio já me consumiu por um tempo. Mas, o que isso significa? Afasto a busca pelos significados - os porquês estão cheios de calos -, não há mais qualquer importância. Deixo de questionar as coisas, de me declarar a mim mesmo, de cogitar possibilidades. Aqui, agora, paro de pensar em um soneto só meu.

Yuri Santos
Enviado por Yuri Santos em 09/04/2019
Reeditado em 10/04/2019
Código do texto: T6619226
Classificação de conteúdo: seguro