Reconciliação

No interior do apartamento, Fernando está no chão, completamente em pedaços assim como as fotos e cartas que ele rasgou no momento de raiva. Mas agora que as ideias clarearam, ele percebe o quanto foi idiota. “Como eu pude desconfiar assim do meu amor? Eu fiz uma cena, expus a Clara e banquei o bobo. Preciso me redimir. Mas como?”. Ele fala para o apartamento tão vazio sem a presença dela. Ele tem uma ideia.

Enquanto isso, do outro lado da cidade, Clara sente tanta raiva que está tremendo. Como Fernando pôde fazer isso com ela? Desconfiar assim dela, fazer um escândalo na frente dos amigos, expor seu temperamento descomunal. Amava-o e não entendi com ele podia não acreditar que o seu amor era tudo.

A raiva dá lugar a tristeza e decepção. Ela está sentada no chão da sala, com uma garrafa de vodka do lado. Beber talvez ajude a esquecer a mágoa. A campainha toca. Ela não quer ver e nem falar com ninguém. Só quer beber e chorar.

Mas a campainha é insistente. Ela levanta e caminha até a porta. Espia pelo olho mágico e ver Fernando. Definitivamente não quer falar com ele. “Vai embora. Não quero te ver”. “Clara, por favor, apenas leia o que te escrevi”. E joga um envelope pela porta.

Ela se abaixa e pega o envelope. Descobre que é uma carta. Fica surpresa, pois Fernando nunca tinha escrito nada para ela. Abre o envelope e começa a ler.

“Meu querido amor,

Eu amo você. É a única justificativa que posso usar. Eu sei que não deveria ter desconfiado de você. Mais eu fico louco só de alguém olhar para você. Sou muito ciumento, você sabe. Mas eu nunca faria nada para te machucar. Não sei o que me deu. Sinto tanto.

Você é o sol da minha vida. Sem você, os meus dias são escuros e frios. Somos diferentes, porém somos complementares na vida um do outro. Você é a inteligente, que ler romances, ouve música clássica e tira as fotos mais linda que eu já li, enquanto eu não entendo nada de filosofia e não gosto de ópera, mas amo o jeito como sorri pela manhã ao acordar e penso que sou o homem mais feliz o mundo por ter você ao meu lado.

Eu amo você. Me perdoa. Prometo tentar mudar, porque não quero te perder.

Amor, me perdoa.

Seu,

Fernando”.

Aqueles simples linhas a fizeram chorar mais ainda. Abriu a porta e se deparou com ele sentado, com lágrimas no rosto, um buque de flores e uma caixa de bombons (o preferido dela).

Os olhares se encontraram e a esperança de felicidade se acendeu neles. Ele levantou e abraçou apertado. Pediu perdão e repetiu eu te amo como se para convencê-la dessa verdade. Estavam longe de ser o casa perfeito, pois eram imperfeitos, contudo, estavam dispostos a tentar, a se perdoar e dar chance ao amor.

Belinda Oliver
Enviado por Belinda Oliver em 05/11/2017
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