ONDE ELA ESTÁ - CAPÍTULO XXII - Há uma luz e ela nunca se apaga

XXII – Há uma luz e ela nunca se apaga

14 de Setembro de 2017 – Lisboa – Portugal

Doni havia voltado exausto de Caiscais, o trabalho e suas ânsias aumentavam com os problemas ocorridos, abriu a próxima carta.

“São Paulo, 10 de Setembro de 2017

É senhor Doni, são vinte e duas cartas para você, deixa eu te perguntar: Quando a tristeza paira sobre sua vida e não parece sair você acha que há uma luz e ela nunca se apaga? Hoje é The Smiths – There is a light that never goes out”

Essa música me lembra muito o filme “500 dias com ela” no meu caso 820 com ela. Quando eu assisti esse filme pela primeira vez eu estava sozinho em casa, não sei porque, mas eu me vi nessa história, o jeito que acontece tudo, até depois do término, minhas ações foram aparecidas com as dele. Quando eu terminei de assistir eu não resisti e mandei um áudio para ela, e sim eu estava com voz de choro, eu tive que dizer o quanto eu a amava, esse filme me deu um aperto no coração, e mal sabia eu que isso aconteceria. Ela me respondeu “More, você está chorando?” eu respondi que não, que só estava meio sonolento. Se ela estivesse comigo aqui assistindo esse filme essa vez eu teria a abraçado mais forte e mais ainda.

As vezes quando eu entro em um ônibus ou algum metrô eu a vejo em cada olhar feminino, tipo não sei explicar é como uma expectativa e realidade e quando escuto essa música, por mais que eu não goste das letras do Smiths, eu penso “Há sempre uma luz e ela nunca se apaga” afinal se eu morresse ao lado dela os prazeres seriam todos meus.

Gosto de lembrar quando eu e ela deitávamos e ela vestia minha camisa do Joy Division pra dormir, apesar de ela não gostar rs, ela fica linda e com aquele short azul. Puta que pariu como pode nossa mente fazer isso, nos jogar tantas lembranças o dia inteiro, apesar de eu estar na beira da loucura ainda consigo dissertar sobre a realidade que acontece.

Quando ela me abraçava e olhava no meu olho e dizia “Eu te amo” não tinha como ser falso, o meu deus não tinha, porque teve que acontecer isso meu amigo? Eu sei que nunca fui a melhor pessoa do mundo, mas porque deus tirou de mim a minha única felicidade? Eu não consigo entender, sei que fui errado em muitas coisas, mas ainda não posso acreditar.

Quero que ela me chame para qualquer lugar, só para eu matar a saudade, nem que não falássemos nada, apenas um do lado do outro e eu admirar aquele sorriso que me dava forças para enfrentar os meus medos que hoje tomam conta de mim.

O mundo está cheio de sujeira e corrupção que entristecem os olhos dos mais santos, então porque criticam quem desisti? Hipocrisia talvez.

Com minhas manchas de sangue

Vincenzo Ferrari”

Doni terminou de ler a carta e sentiu falta de ar, não pode pensar em nada e caiu desfalecido em seu sofá.