ONDE ELA ESTÁ? - Capitulo V – Você é meu amor!

V – Você é meu amor

28 de agosto de 2017, Lisboa – Portugal

Naquele dia, Doni só viu as correspondências quando chegou do trabalho, de uma certa forma ele pensara em seu amigo, Vincenzo o dia todo, não com medo, mas sim sobre essas jogadas de cartas e de tornar acontecimentos em poesia.

Doni pegou a quinta carta de Vincenzo e começou a ler

“ São Paulo, 24 de Agosto de 2017

Bom dia, boa tarde ou boa noite, depende do momento em que está lendo. Estou me sentindo em uma terapia, quinto dia que você está lendo a minha “choração de pitanga” E eu te pergunto, você já ficou tão intensamente com alguém ao ponto de saber que essa pessoa é seu amor? Então ponha para escutar ai “Liverpool Express – You are my love” Fé em deus que ele é justo irmão…. Opa essa é outra música hahahaha

Elisangela sempre me elogiava pelo meu coração mole, então me diga, se eu sou assim, por que ela me deixou? Será que tenho tantos defeitos assim? Acho que sim. Ela voltou de sua folga no começo de janeiro e ainda estávamos na amizade, Gérson nessa época se afastou de nós por ciúmes, eu estava grato a deus por isso, não posso mentir. Mesmo porque eu cheguei até pesadelos com os dois, isso eu contava para ela, e ela ria, eu adorava fazê-la rir.

No dia 14 de Janeiro de 2015 eu estava muito pra baixo, na minha. Eu estava muito confuso sobre meus sentimentos, eu sempre a chamei de “More” mesmo não estando junto com ela, eu estava sentindo que eu começava a me machucar e eu não podia correr o risco de sofrer por amor. Se eu soubesse o que aconteceria e de como eu estaria mal hoje, eu teria sofrido aquela época. Nesse dia eu quase chorei, levantei do meu ponto de atendimento e desci ao Vale do Anhangabaú, eu sentei no concreto e para minha surpresa ela veio atrás de mim.

Conversamos muito sobre a vida, sobre família, sobre sentimentos e por ai vai, ficamos quase quarenta minutos lá embaixo. A conversa com ela me fez muito bem e na minha cabeça eu pensava “eu não posso ter ela só como amiga” Gérson se mordeu ao ver essa cena e se levantou de seu lugar e saiu, até hoje pensamos que ele fez isso pela atenção dela, o que não conseguiu.

Naquele dia eu cheguei em casa a noite, e pensei “eu não posso mais ficar próximo dela” eu vou me machucar” Fui dormir.

No dia seguinte, 15 de janeiro de 2015. Foi um dos dias mais felizes da minha vida, eu acordei com a notícia que minha linda sobrinha, Larissa, nasceria, me arrumei e fui para o hospital junto com o pessoal da minha família. Eu não tinha Whatsapp e eu conversava com ela via SMS, eu estava superfeliz, eu iria me atrasar para o serviço, pois minha sobrinha nasceu por volta das 15 horas. Ela escrevia, “vem logo” “eu estou guardando seu lugar” eu estava no carro do meu primo e pensando “por que ela está fazendo isso?” ao chegar no trabalho eu a encontrei lá embaixo, estava fazendo sua pausa.

Conversamos e ela disse que pegaram meu lugar, ao subir convencemos a pessoa que estava lá a mudar de lugar. Nesse dia ela comentou comigo que um outro tinha dado ideia nela e ela falou que estava ficando comigo.

- Você não se importa de eu ter dito isso?

- Não me importo, mas queria que fosse verdade.

Fomos comemorar o nascimento de minha sobrinha no Kenko Temaki, lugar de lei, a turma de sempre. Brincávamos com brindes a Larissa e Mayane sempre perguntava, “Espera ai, quem é Larissa?” Dávamos muitas risadas.

Ao acabar, ela me pediu para eu levá-la ao terminal bandeira e eu concordei.

Terminal Bandeira

Um local com a vista para aquela bandeira linda. Eu a levei para pegar o ônibus e pensando “essa é última vez”

Na fila conversando…

- Sabe Elisangela, eu fico chateado de você não se lembrar daquele beijo.

- Eu estava bêbada, não pode me culpar, mas se você me beijasse agora eu lembraria.

Sabe quando passa milhões de pensamentos em sua cabeça em fração de segundo, quase um erro 404. Eu a beijei e como me senti bem, eu escutava até sinos e de fundo vinha a música dos Moody Blues – Nights in white satin, foi o beijo mais apaixonado que dei em alguém, tanta luta e finalmente eu conseguia “'Cause I love you, yes I love you

Oh, how I love you, oh, how I love you"

após acabar o beijo ela me disse:

- Desse eu lembrarei – Me deu um selinho e embarcou no ônibus.

Eu voltei para o metrô mais do que feliz, qualquer um que me visse sentia a felicidade em mim e o pensamento “amanhã, como será?” Não me importava. Esse estava sendo o dia mais feliz da minha vida.

Pois é meu amigo, hoje eu fico por aqui, na felicidade. E na lembrança.

Abraço para você e sua família

Vincenzo Ferrari”

Doni terminou de ler a carta, foi até a janela e olhou para o céu

“Espero que esteja bem, meu amigo”