A ANUNCIAÇÃO DO AMOR” (Marcela Maria)

Para ela, era um dia de pouca inspiração, daqueles em que o Sol se escondia entre as nuvens. De sabor agridoce. E um sono atravessado pela dor dominava o seu ser, despedaçando todos os seus sonhos.

Ela insistia. Relutava para despertar. E, entre o sagrado e o profano, pedia por sua vida. Mas o sono da dor era desafiador. E ela sabia que era preciso paralisar a dor. E mais, sentia que o seu coração já não mais suportaria tantos desafetos.

Desesperada, em transe, tentou pelas melodias. Uma, duas, três canções mentais.

Mas, nenhuma, por mais linda e forte que fosse, conseguia despertá-la. E a dor sufocava a sua mente barulhenta, jogando-a cada vez mais a um sono profundo e sem volta.

Aflita e exausta, em prantos implorava para acordar. E quando, abatida pela dor, deu seu último suspiro, sentindo-se pronta para abandonar toda a existência. Ela se entregou. Já não lhe restavam mais forças.

Em sono profundo, já sem nada sentir, sua alma fez a passagem. E, em um ato de coragem, permitiu o reencontro com o grande amor de sua vida passada. Foram breves segundos, de suaves e profundos toques. Eis que regressavam a leveza e a ternura em seu coração. E, paralisada pela emoção, entregou-se aos olhares apaixonados, transcendendo por muitas vida até regressar ao seu ser.

Ela já não sentia dor. Só devaneios sublimes e de puro amor. E, mentalmente, ela divagava pelo sorriso dele. As mãos entrelaçadas equilibravam as energias. Contudo, ela sabia que, em minutos, a vivência daquele amor partiria pelas frestas de seus corações. E, no desespero, implorava para que ele não a deixasse mais uma vez.

Pedia a ele para que a levasse na viagem. As lágrimas despencavam de seus olhos. Ele partiria mais uma vez. E ela sabia que era só uma questão de tempo. Todavia, ainda assim, suplicava para que ele permanecesse por mais uma eternidade ao seu lado. E se recusava a acordar daquele encontro celestial. Deveras, já não sentia as dores da alma. Aquelas que a maltratavam em vida.

E ele, com toda a emoção daquela linda história de amor, delicadamente secou as suas lágrimas e proferiu: “Minha querida, muita luz e paciência! Juntos atravessamos mares e continentes e transcendemos em nome do amor. Voltarei, em breve, no tempo da certeza e da permissão celestial. Agora, meu anjo, durma sem se entregar, apenas durma. É o amor te rodeando: o meu amor por ti. Amanhã teremos o nosso Sol“.

Era tanto amor que ele a devolveu para um sono profundo e revigorante de vida. E, ao despertar, ela sentiu o coração preenchido de afetos. O seu corpo levitava e sua alma cantava inspirações divinas. E o Sol brilhava em seu coração pulsando a paz.

A anunciação do amor fazia-se presente. Era dia. Um novo dia, de uma mesma história. Renovam-se as esperanças no tempo de uma nova espera.

marcela maria
Enviado por marcela maria em 07/07/2017
Código do texto: T6047809
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