AR
"Esse ar que preenche peito teu
Decompõe-me peito meu a cada suspirar.
É interminável cada pulsionar
É realmente lamentável este ar".
Quando criança, tu brincavas de ser doutor
Esta vida sempre nos prega uma peça...
Olha só para ti
Ainda brincando com isto. Em mim.
Esta maca, cama fria, não tens aconchego teu,
E estes lençóis, azul parado... Não são teus...
É interminável cada respirar
É realmente lamentável este meu ar.
Você dizia me: garota dos olhos castanhos, não se mantenha nesse estado. Isto acabarás contigo.
Mas, como um exuberante brincador de profissões imaginaria que, tua pobre garota, da falta de ar o deixaria.
Sonhando sempre alto
Inconstante doutor
Pusera esplendor em algo que dirias ter mais valia...
Mal sabias, que grande valia, era teu amor.
A cada respirar teu, doutor
Tua grande valia se ia...
A cada respirar teu, doutor
Tua grande valia se consumia de dor, e rancor.
Sabe doutor, famosa fala era dita:
"Esse ar que preenche peito teu
Consome peito meu a cada suspirar.
É interminável cada pulsionar
É realmente lamentável este ar".
E bem, fim de seu expediente.
Pois bem, fim de seu dia.
Fim de sua carreira.
Pobre doutor, tua grande valia suspirou. Suspirou a teu adeus.
Sabe doutor, vá para casa
Deite-se em aconchego e, enrole-se em teus lençóis azuis,azuis parados...
Sua grande valia se foi.
É...
Foi realmente lamentável este ar.
Grande
Trágico ar.