Inesperado Destino

- Felipe - Julia chama.

- Sim?

- você sempre disse ter medo de avião, então por que comprar uma passagem para o outro lado do mundo do nada? Qual o objetivo? - ela pergunta, frustrada.

O objetivo... Eu poderia dá várias desculpas, dizer que é uma urgência do trabalho, dizer que tenho que encontrar alguém lá... Mas não, decido por dizer a verdade, afinal eu só tinha o dia de amanhã.

Havia marcado uma consulta de rotina a alguns dias, eles coletaram meu sangue e o resultado sairia hoje. Ao chegar lá, todos me olhavam com semblantes tristes, como se alguém fosse morrer. O médico ficara ao meu lado a todo momento enquanto abria o envelope que continha o laudo medico.

- Como assim eu vou morrer? - é a única coisa que minha mente incoerente conseguiu formular.

E eu saí dali cabisbaixo e sem rumo, eu só teria um dia de vida, eu não poderia fazer dele um momento depressivo, chorar e chorar até meus olhos não produzirem mais lágrimas. Não. Eu não faria isso.

Decido então fazer algo bem clichê, aproveitaria meu último dia fazendo coisas que nunca fiz ou que sempre tive medo de fazer.

Eu pegaria aquele avião e desceria no outro lado do mundo, e dai se o avião sofresse uma turbulência e caisse?, Eu iria morrer mesmo!

E se eu chegasse vivo, pegaria todo o meu dinheiro e gastaria das melhores e mais fúteis maneiras possíveis.

Eu dançaria tango, rock e funk. Eu comeria as comidas mais exóticas e me empanturraria de doces até dar dor de barriga e tomaria um porre até ter alucinacões, eu correria pelado pelas ruas e seria preso logo em seguida, daria um jeito de subornar o carcereiro e quando por fim estivesse livre, eu iria até o topo de um prédio e veria o sol se esvair assim como minha vida, e assim seria meu último dia.

- eu vou morrer Júlia - respondo seriamente.

Ela estanca em seu lugar, entre abre os lábios varias vezes, mas não emitir som algum.

- C-como assim? - ela diz, depois de um tempo.

- o que você ouviu.

- não brinque comigo Felipe. - ela diz seriamente.

- Eu não estou brincando Julia. - digo, aproximando me dela, e encostando minha testa na sua.

- o que você vai fazer? - ela diz, com lágrimas caindo de seus olhos.

- Eu... - estava prestes a dizer todas as minhas ideias. Até que escuto algo que sempre esperei escutar dela.

- eu nem tive a chance de dizer que te amo... - ela diz tristemente.

- o que você disse? - pergunto confuso.

Ela levanta o rosto, e olha em meus olhos, vê-la chorando me fez querer chorar pela primeira vez desde que soube de meu destino.

- que amo você - ela diz simplesmente.

Estanco em meu lugar, derrepente morrer me pareceu muito, mas muito pior que antes.

- o que você vai fazer? - ela indaga, perante meu silêncio.

Coloco delicadamente minhas mãos sobre seu rosto, olho fundo em seus olhos e respondo:

- Vou passar meu último dia com quem mais amo... Você.

Cristinyy
Enviado por Cristinyy em 12/02/2017
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