Eu te amo, Meu marrentinho.

- Para onde ele foi?

- Correu para dentro de casa. Acho que foi para o quarto.

Antônio entrou dentro da casa, e subiu as escadas correndo como nunca. Assim que alcançou a porta do quarto de Daniel, bateu com força. Mas não teve resposta.

- Dani, abre a porta. Por favor.

- Vai embora. Não quero falar com você.

- Não vou sair daqui até você abrir.

Ele escorregou e ficou com as costas encostada na porta. Sentia a brisa do vento entrando pela janela no final do corredor. A casa de Daniel era linda. E mesmo que estivesse sempre ali, todas as vezes pareciam a primeira.

- Você tem razão em estar com raiva de mim.

- Não estou com raiva de você.

- Pois deveria...

- Estou com ódio.

Ele sorriu, sabia que por baixo da raiva havia um ciúme incontrolável, uma necessidade de nunca se render. Nunca deixar transparecer o sentimento. O namorado era assim, e era uma das coisas pelas quais ele tinha se apaixonado.

- Amor, abre a porta. Vamos conversar.

- Não tenho nada para conversar com você. Mas a Luana deve ter. Muitas coisas por sinal.

- Meu deus, eu só abracei ela. Não acredito que você está com raiva por causa disso.

- Eu sei muito bem que ela não quer só te abraçar.

- Olha, eu sei que você não suporta ela, mas somos amigos. Você também tem amigos que eu não gosto, mas nunca fiquei com raiva quando vejo você conversando com eles.

- Mas ela não é só sua amiga. Você já ficou com ela.

- Tudo bem então Daniel, você quem sabe. Fica ai fazendo birra. Quando você estiver menos irritado me ligue. Eu vou embora no carro da Luana já que o meu quebrou.

Como esperado ele ouviu passos rápidos e a porta se abriu. Daniel ia saindo pelo corredor quando o viu rindo do lado da porta.

- Como você é idiota.

Ele entrou de volta no quarto e Antônio o seguiu. Fechou a porta e ficou com os braços cruzados no portal, enquanto o namorado se sentou na cama com cara de bravo.

- Sabe, eu já te disse isso várias vezes, mas posso repetir. Você fica lindo demais quando está com ciúmes.

- Ciúmes? Você acha que eu sinto ciúmes daquela vaca?

- Olha, partindo para ofensa agora? Isso não faz o seu tipo.

Ele se sentou e colocou o braço no pescoço de Daniel, que não disse nada.

- Eu te amo meu marrentinho. E ninguém vai me tirar de você.

Ficou surpreso quando viu Daniel chorando. Então o puxou para si e deixou que ele deitasse a cabeça em seu peito. Ficaram alguns minutos sem falar nada. Apenas transmitindo amor. Como tudo ao redor sumisse. Daniel se soltou dele e secou as lágrimas.

- Desculpa, e que eu te amo tanto. O medo de perder você me atormenta todos os dias. Você é o cara mais popular da nossa escola, eu sinto que não tenho chances perto da Luana.

Antônio segurou o rosto do namorado com as mãos. Pensou um pouco, como sempre fazia antes de dizer coisas sérias, e falou com a voz calma:

- Uma vez minha mãe me disse que as decisões que tomamos na vida devem sem bem pensadas, analisadas e feitas com carinho. Para que não cause arrependimentos depois. Demorou muito tempo, e você sabe bem disso. Mas eu escolhi você Daniel. E isso que importa. Não quero ser o mais popular, não quero ser o mais bonito. Quero apenas ser o seu namorado. Porque você e tudo para mim. Como ninguém nunca foi. E eu amo você.Você não precisa ter medo. Porque você não vai me perder. Nunca, entendeu? Você ainda vai ter que aturar muito minhas birras, meus xingamentos enquanto jogo videogame.

Daniel sorriu. Se sentia mais calmo. Como se um grande peso tivesse saído de seus ombros.

- Desculpa. Eu sou um besta mesmo.

- Sim, e eu amo demais esse seu jeito besta de ser. Mas vamos começar a controlar esse ciúme né? Não quero que você mate ninguém só por causa de mim.

- Nem a Luana?

- Nem a Luana.

Ele riram juntos e deram um longo beijo. Então foram até a janela do quarto aonde ficaram abraçados, conversando sobre a vida. Curtindo o amor em sua forma mais pura. Como se nada mais importasse. Porque quando se ama, nada mais importa.

Cleber Rodrigues dos Santos.