Julia e a Dama de preto

Passava eu, com a idade de 23 anos, próximo a uma vila, descendo uma pequena alameda numa tarde pós chuva e fria, assim que desci a ladeira ouvir um homem de idade avançada a jogar palavras triste ao um jovem.

-Ela morreu, estava nova, não acredito ainda, coitadinha, mas continua linda.

Me atrevi a ir até os dois e perguntar quem havia perdido a vida.

- Júlia- Disse o velho- ali está seu belo corpo- apontando para uma casa pequena logo adiante- deitado numa caixa fria cheia de flores campestres.

Desci a ladeira e me dirigi a casa baixinha no pé da ladeira, logo me fiz de jornalista e me detive de todas as informações em relação a moça e a família, só depois tomei coragem de ir ver seu corpo sem vida.

Era linda, há com era linda, a morte com certeza teve inveja da beleza daquela moça, cabelos enrolados, rosto bem desenhado, era tão bela dormindo que me arrancou até um sorriso, por um momento aquela figura fez eu esquecer da morte, então tomei minha ida para casa e fiquei de voltar para o enterro. No dia seguinte la eu estava, como se eu fosse amigo intimo da família, mal eu sabia o nome da moça, na noite anterior foi difícil dormir, não esquecia a figura de Julia deitada no caixão, passei a noite em claro ao redor de velas.

O corpo da moça foi enterrado entre lamentos, gotas de chuva e ladainhas, pensei em recitar um verso, mas não quis gerar olhares desconhecidos a minha pessoa, preferir deixar como estava.

Caindo a noite, saí de casa em direção ao cemitério, fazia frio, eu tinha medo, levei um pequena mochila com ferramentas, e ali na madrugada silenciosa eu cavei seu tumulo e retirei seu corpo frio daquela prisão.

Chegando em casa coloquei a moça na cama, e fiz dela a minha mulher, ao terminar o ato estiquei-me para o lado, e ouvir um sussurro, um sussurro que me fez pular da cama, percebi que a jovem Julia me olhava, me fitava os olhos brilhantes, como ela era linda, eu queria correr, medo talvez, mas minhas pernas não obedeciam o comando do meu cérebro, ajoelhei-me, então ela se sentou na beirada da cama, estava fraca, e disse - Você me salvou.

Minha cabeça logo arrumou um jeito de explicar aquilo tudo, não podia ser possível, com toda a certeza a moça tinha alguma doença, aquela que a pessoa aparenta está morta mas não está, não sabia o que pensar, então ela pediu água, comida e muito mais de mim, doei-me a ela durante anos, então numa noite a dama de preto tornou a leva-la.

Não chorei, agradeci a dama, que tão sombria e sorridente veio ate mim e disse- Devolvi a vida á ela por que tive pena de você, ela é a mulher da sua vida, eu aparento ser ruim, mas não podia deixar apagar uma historia tão linda de amor assim da terra. Então respondi por mim e lhe entreguei a teus braços, agora peço-a de volta, pois a hora dela já passou. Então ambas se foram, a morte prometeu voltar, ela disse que havia preparado um lugar bonito para eu e Julia, agora vivo intensamente na espera de ver logo esse lugar.

Não se desespere, se nem a morte pode roubar o amor de sua vida, nada na face dessa terra, pode tirar o amor de sua vida de você.

Jorge Miranda
Enviado por Jorge Miranda em 07/02/2017
Código do texto: T5905554
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