Amor Prisioneiro - Final.
1 Semana depois...
- Porque está tão nervoso? Não é o que você sempre quiz?
- Eu sei, mas não é tão fácil né.
- E mais fácil do que você pensa. Afinal tudo aqui agora e seu.
- Não, é seu.
- Nosso.
As portas do elevador se abriram, e Rodrigo saiu com Antônio. Estavam na empresa de Antônio, aquele era o dia em que ele seria anunciado como novo presidente. Depois de toda papelada resolvida, Rodrigo era o novo dono da rede de advocacia. Nomearia Antônio como presidente só para que ele tivesse o gosto de dizer que Lucas e Vicente não eram mais sócios. Depois Rodrigo assumiria a empresa, e faria dela o que quiser.
Foram em silêncio até a sala de reuniões. Estava vazia. Rodrigo se sentou na cadeira do centro onde ficava o presidente, com Antônio do lado. Ele tremia de nervosismo.
- Antônio?
- Sim.
- O que pretende fazer depois disso? Agora que a empresa não é mais sua.
- Vou mudar de cidade, minha mãe sempre quis morar no Rio de Janeiro. Depois vou usar o dinheiro da venda para abrir um outro negócio lá mesmo.
- Mas e sua família?
- Depois que meu pai morreu ficamos só eu e minha mãe. E espero que o Clark aceite ir comigo.
- Clark? Quem é esse?
- Meu namorado.
Rapidamente, Antônio contou sobre Clark para o novo amigo.
- Não acredito que você arrumou um namorado na prisão, e ainda fizeram sexo lá dentro. Qual é a chance de isso acontecer? Parece história de filme.
- Digamos que eu tenha sorte, nunca estive tão apaixonado. Sinto tanta saudade dele.
- Que sejam felizes então.
- Pode ter certeza que sim.
Naquele momento a porta se abriu, Lucas e Vicente entraram curiosos, e ao verem Antônio ficaram surpresos. Lucas foi o primeiro a perguntar.
- Antônio? O que faz aqui?
Antônio não respondeu, os dois se sentaram e Rodrigo tomou a palavra.
- Convoquei essa reunião porque tenho anúncios a fazer. O Sr. Rodrigo entrou em contato comigo assim que saiu da prisão e me fez uma proposta irrecusável, como sabem eu sou investidor e sempre quis ampliar meus negócios, uma rede de advocacia é um ótimo ramo para explorar. Rodrigo então me vendeu a sua parte das ações da empresa. A partir de hoje eu sou o novo dono. E para que isso dê certo, preciso ter ao meu lado pessoas de confiança.
Os dois continuaram em silêncio. Rodrigo continuou.
- Por isso anuncio que a partir de hoje, Antônio volta a ser presidente dessa empresa.
Os dois se olharam nervosos, então Lucas disse:
- Não pode, isso é errado. O cara roubou você. Traiu a nossa confiança e você o coloca como presidente? Eu protesto.
- Claro que é errado - disse Vicente - somos sócios também. Não vamos aceitar isso.
- Pena que vocês não podem mais opinar sobre isso. Afinal, não são mais sócios.
Antônio falou em um tom irônico. Então pela primeira vez encarou os dois, e com satisfação colocou no rosto o sorriso vingativo que tanto tinha treinado.
- Como assim não somos mais sócios? - Perguntou Vicente.
- Além da minha parte na empresa, Rodrigo também comprou a parte de vocês. Não são mais sócios. E portanto não podem decidir o que fazer nela.
- Vocês são loucos? Não podem tirar nossas ações assim. Somos donos dessa empresa também. Você não pode vender as nossas ações.
- Ahh Lucas, você vai descobrir que sim. Além de ter 70% das ações dessa empresa. Foi o meu pai que investiu todo o capital inicial para que ela funcionasse. Capital esse que ele não teve de volta, uma vez que faleceu antes. Sendo assim, como único herdeiro, o investimento veio para mim.
Antônio abriu a maleta de Rodrigo e tirou duas pastas. Jogou elas em direção a Lucas e Vicente, que abriram em silêncio.
- Nessas pastas estão os contratos que assinamos quando começamos a sociedade dois anos atrás. Neles há uma cláusula que indica que o dono da maioria das ações da empresa, pode vender tanto as suas ações como a dos sócios sem obrigação de nenhum aviso prévio. Desde que é claro, eles recebam o valor dessa venda. Também nessa pasta, nós colocamos o valor que cada um de vocês dois vão receber pela venda das ações.
- Mas esse valor está errado. Eu tenho 15% das ações, você só está me pagando 50 mil por elas. Não valem só isso. Isso não é nem 5% do nosso lucro mensal. - Disse Vicente ainda assustado.
Rodrigo que até então estava em silêncio, olhou para os dois e disse sério:
- Bom, eu conversei com o Antônio e chegamos a conclusão de que esse é o valor que vocês merecem. E agradeçam a mim que tenham recebido algo. Ele queria que vocês saíssem sem nada.
- Isso é uma infâmia, um roubo. Eu vou chamar meus advogados. Tudo bem que você tenha vendido a empresa. Eu já me cansei desse lugar e queria fazer isso antes que você saísse da prisão. Mas não vou aceitar receber essa mixaria de valor. -Lucas estava em pé, e apontava o dedo nervoso para os dois. - Eu vou processar vocês dois e vou garantir que essa empresa não tenha mais um tostão de lucro.
- Eu imaginei que chegaríamos a esse transtorno.
Antônio sorriu e pegou outra pasta. Abriu ela em cima da mesa para que os dois vissem.
- Essa pasta contém provas detalhadas e bem escritas, da falsificação que vocês fizeram com meu nome. Abriram uma conta no exterior sem que eu soubesse e usaram para isso meus documentos que estavam anexados ao contrato de sociedade que fizemos juntos. Depois que a polícia descobriu o que eu supostamente tinha feito, vocês me denunciaram e saíram ilesos.
Lucas se sentou e puxou a pasta para si. Folheou as paginas e engoliu em seco. Então foi a vez de Antônio se levantar.
- Tudo se resume a isso então. Vocês tem duas escolhas. A primeira e sair dessa sala como se nada tivesse acontecido. Com os 50 mil que cada um vai receber pela venda das ações. Assim não serão mais sócios e não terão mais direito nenhum sobre essa empresa. Vamos esquecer tudo que aconteceu, e deixarmos como está.
- Ou - disse Rodrigo - Vocês podem se recusar a assinar os papéis da venda e abrem um processo contra nós. Entregamos essas provas para a policia. Como tem bons antecedentes, assim como o Antônio, vão passar no máximo seis meses na prisão. Adicione alguns meses pela falsidade ideológica, outros pelo processo que o Antônio vai abrir contra vocês por calunia, e talvez um ano pelo que eu vou abrir alegando roubo. Acho que vocês passam no mínimo três anos na prisão. E como advogados vocês sabem que o contrato firmado entre vocês quando sócios não pode ser invalidado. Então a chances de ganharem mais de 50 mil e mínima, se é que ela existe. A escolha e de vocês.
Os dois se olharam e ficaram alguns segundos em silêncio. Então cada um puxou uma caneta do bolso e assinaram os papéis. Saíram sem dizer nada. Antônio se sentou e respirou aliviado.
- Tem certeza que não quer manter seu cargo e me ajudar aqui ?
- Tenho Rodrigo. Pelo menos por enquanto.
- Se um dia mudar de ideia. E só me ligar. Vai ser um prazer trabalhar com você.
- Eu não conseguiria sem você. Muito obrigado por tudo.
- Precisando e só gritar.
Eles se levantaram e deram um forte abraço. Antônio era muito grato por tudo que Rodrigo tinha feito. E nunca iria esquecer.
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Dois meses depois...
Eram quase duas horas da tarde quando o portão enorme da prisão se abriu, sorrindo, Clark saiu com uma mochila na mão esquerda. Começou a andar, quando um carro enorme e cinza parou na sua frente, a janela se abriu e um sorridente Antônio olhou para ele.
- Hey, moço, quer uma carona?
- Não sei, minha mãe disse para nunca entrar em carro de desconhecidos.
- Não pode abrir uma exceção para um cara tão lindo como eu?
Ele sorriu e deu a volta no carro. Então entrou no banco de carona e olhou para Antônio que sorriu e o trouxe para si. Deram um longo e apaixonado beijo. Que serviu para matar a saudade tão grande que sentiam. Quando se separaram, Clark sorriu para o namorado e disse sério:
- Sabe, sei que vamos viajar agora. Mas poderíamos passar em algum restaurante primeiro? Tô morrendo de fome.
- Claro amor, eu também não almocei ainda. Mas antes, eu queria te perguntar. Tem certeza que quer ir comigo pro Rio?
- Olha, eu não tenho mais ninguém aqui. Meus pais morreram e meus tios não querem saber de mim depois que fui preso. Conhecer você foi a melhor coisa que me aconteceu. Porque até então, eu ia morar na rua. Sei que vou ter que começar do zero. Mas com você. Eu topo tudo.
- Vamos ser muito felizes juntos, porque eu amo você demais.
- Também te amo Antônio. Muito.
Eles deram outro beijo e Antônio ligou o carro. Depois do almoço eles tinham uma grande mudança marcada. E uma nova história para começar.
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