Esconderijo

Sobre a água o sol queima, as narinas, parte das pálpebras e do que é plano no corpo submerso. Não há voz, não há sons de qualquer forma. Tudo o que os olhos vêem é o céu sem nuvens pelo mais caloroso laço de afeto. Meus lábios quentes se escondem das palavras que o pensamento lança para mim. Eu não sei bem o que fazer com elas, onde colocá-las. Qualquer tentativa de libertar as palavras poderia destruir um mundo, então me calo, mesmo que sussurros escapem pelas minhas narinas em forma de bolhas de oxigênio.

Você é um pouco tímido, mas cultiva uma pitada de esperança. Da areia, você me olha, sorri quando pensa que estou olhando do meu esconderijo, tenta uma aproximação, por eu quase ter permitido que os dedos percorressem minha pele grossa. Os dedos lhe foram dados para tocar com cuidado nessa vida onde sempre descansa uma paixão.

Nesse mar você me esconde por debaixo de uma coberta, me beija, me acalma no meu esconderijo. Você é o mais bonito, o mais frágil e ainda forte. Não esconde a significância dos movimentos que formam um encanto para nos deixar invisíveis. Você me pergunta se posso te esconder também, nesse meu esconderijo. Não vejo nada além de olhos verdes em uma manhã de um novo ano. Seu polegar força a minha costela, me apertando contra você. Sua mão forçando a minha cabeça contra a sua. Na areia as pessoas dormem e acordam. Você quer ficar. Você procura conforto, um santuário. Seu cabelo loiro cobre sua testa, seus olhos tristes e escondidos do mundo. Você corre para um lugar escondido, me puxa contra você e inclina a minha cabeça para trás. Seus lábios percorrem meu pescoço, implora para que fiquemos nesse lugar escondido, enquanto esfrega seu rosto no meu e invalida o mundo.

Yuri Santos
Enviado por Yuri Santos em 01/01/2017
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