Marcas de Amor.

14 de Outubro de 2014.

Era quase meia-noite quando ouvi o barulho das chaves na porta. Me levantei rápido, e encontrei ele em pé sorrindo. Corri e o abracei como se fosse a primeira vez, na verdade todos os dias eram assim. Deixei que a angustia saísse do meu peito em forma de lágrimas, chorei como uma criança. Como não chorava a tempos.

- Ei, o que houve?

- Ouvi no rádio que um policial foi baleado aqui perto, liguei na delegacia e você não estava, fiquei preocupado. Porque não atendeu o celular?

- Eu esqueci meu celular no armário.

Ele segurou minha mão e me levou até o sofá. Então fez com que eu deitasse a cabeça em seu peito. Aos poucos eu me acalmei, então acabei cochilando ali mesmo. Quando acordei estava deitado na cama. Ele dormia calmamente ao meu lado. Fiz carinho em seu rosto, e ele acordou. Então me abraçou e sorrindo disse:

- Desculpa por deixar você preocupado.

- Sabe, todos os dias quando você sai para trabalhar, sinto como se um pedaço do meu coração fosse com você. Esse emprego seu é tão arriscado, e você já sofreu dois acidentes. Não consigo me acostumar. Toda vez que escuto uma notícia envolvendo policias eu fico apavorado.

- Eu sei meu amor, eu sei o quanto e difícil para você. Mas é o que eu amo fazer. E não posso parar. Eu sinto que nasci para isso. Infelizmente os riscos existem, mas eu não posso ter medo disso. Não depois de tanto tempo na área.

- E que eu sinto que posso te perder a qualquer momento por causa de uma bala. E eu não estou pronto, eu não quero. Não consigo viver sem você.

Ele se levantou e segurou minha mão. Então levou ela até seu coração. Ele batia devagar. Quase parando.

- Está ouvindo?

- Sim.

- Esse coração, ele bate por você. Ele acelera quando ouve sua voz, quase para quando te beija. E fica fora da linha, quando vê o seu sorriso. Enquanto ele bater, eu vou te amar. Eu nunca vou esquecer do homem que eu salvei a vida, em uma noite de chuva. E vou fazer de tudo para que você seja feliz. Não importa o que custe.

O abraço que se seguiu foi tão intenso. Que me deixou sem ar. Aquela conversa acontecia quase todas as noites nos quase 5 anos que estávamos juntos, porque eu sempre tive medo de não vê-lo abrir a porta e voltar para mim. Namorar um policial era assim. Mas ele era tão feliz com o emprego, Que nunca passou pela minha cabeça pedir para ele sair. Eu tinha que seguir em frente com aquele medo. Mas também com a certeza de que o amor que eu sentia por ele superava qualquer coisa. Porque era infinito.

21 de Fevereiro de 2015.

Quando abri os olhos estava sentado na porta da mesma casa. Era quase meia-noite. Esperava ver ele entrar no quintal com os braços abertos para mim, um sorriso no rosto e o uniforme amassado que eu tanto gostava de arrumar. Mas naquele dia eu sabia que ele não iria vir. Meses de saudade, lembranças.. e uma dor que insistia em não passar. Me levantei com os olhos cheios de lágrimas, e com a certeza de que por mais que o tempo passasse. Nada iria apagar a dor, de ter perdido o meu único e verdadeiro amor.

Para João Carlos.. Porque o verdadeiro amor nunca morre.

CleberLestrange
Enviado por CleberLestrange em 19/12/2016
Código do texto: T5857978
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