Quando eu Te Encontrei - Parte 2

Ainda em silêncio ele foi em direção ao quarto, parou quando começou a ouvir barulhos estranhos, quando alcançou a porta ouviu gemidos de sua esposa. Olhando pela pequena fresta a viu na cama, mas não estava sozinha, Mônica estava nua com um homem por baixo, gemendo enlouquecida. Demorou alguns segundos para ele entender o que estava vendo, e quando isso aconteceu o choque seguido da incredulidade o atingiu com força. Olhou mais uma vez, como se não aceitasse a informação, mas ele estava vendo direito, era mesmo a sua esposa, não conseguiu ver o rosto do homem com ela. E nem fazia questão. Conseguiu reunir forças, deixou os dois no quarto e voltou para o andar de baixo. Vestiu o sapato de novo e saiu para a rua em disparada, agora já estava tudo escuro. Entrou dentro do carro em choque e deu a partida sem nem olhar para trás.

No caminho sentiu as lágrimas caírem, a dor começou a atingir seu ápice. Seis anos de inteira dedicação a esposa, para encontrá-la na cama com outro. Começou a bater com força no volante. Não merecia aquilo. Sempre ouvia as pessoas dizerem que procuramos na rua o que não encontramos em casa, mas ele não conseguia entender onde tinha errado. Sempre havia sido fiel,romântico e dedicado ao casamento. Sempre conversavam sobre tudo. Só agora percebia o quanto ela era dissimulada, porque nunca havia dado nenhum sinal de insatisfação no

relacionamento.

Dirigindo pelas ruas de São Paulo, ele entrou na Avenida Consolação. Decidiu fazer o que todo homem traído fazia, beber para esconder a dor. Deixou o carro em um estacionamento, a arma no banco de trás juntamente com outros itens de trabalho, por um momento esqueceu o exemplo que como delegado deveria dar, agora ele era apenas um homem buscando maneiras de esquecer o que estava sentindo. Entrou no primeiro bar que encontrou. Se sentou em uma mesa do lado de

fora, um garçom se aproximou.

- Boa Noite senhor, o que deseja?

- Uma garrafa do seu Whisky mais forte.

- A garrafa toda senhor?

- Sim.

O garçom saiu surpreso e voltou alguns minutos depois com uma garrafa e um pequeno copo. Sem esperar o garçom servir, Lucas abriu e tomou dois copos seguidos de um gole só. Olhou as pessoas ao redor e mais uma vez teve que segurar a vontade de chorar. A dor sendo substituída pela decepção. Pela sensação de sentir que por mais que você fizesse, nunca era o suficiente. Começou a se sentir mau. O whisky fazia efeito rápido em sua mente. Aos poucos a garrafa foi acabando, até que no último copo ele se levantou trôpego. Jogou o pagamento na mesa e saiu cambaleando de volta ao carro. Sem pensar direito no que fazia, ligou e novamente saiu pelas avenidas de SP.

No caminho viu flashes dos momentos que passou ao lado da esposa e da família, começou a chorar como uma criança. Saiu de SP e alcançou a Br. Parou o carro em frente ao viaduto. Saiu devagar e ficou em pé em frente a uma ponte, sentindo o vento no rosto, o barulho dos carros que passavam por baixo. Tentava esquecer os últimos momentos. Mas nada parecia fazer efeito. Estava tudo escuro ali, não havia postes iluminando o caminho, a única fonte de luz eram os

carros que passavam e as luzes da cidade a frente. Pensou em se sentar um pouco, para aliviar a tensão, mas quando ia fazer, uma buzina o assustou e ele acabou tropeçando, sentiu o corpo ir

para trás e não teve aonde segurar para não cair. Pensando que iria morrer, fechou os olhos como se aceitasse o que via a frente, mas antes que caísse, sentiu alguém o puxar pelas costas e caiu

no asfalto por baixo de um homem.

CleberLestrange
Enviado por CleberLestrange em 08/11/2016
Reeditado em 08/11/2016
Código do texto: T5817513
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