COINCIDÊNCIAS = EC

  Primeiro dia de aula e a professora Ester recebeu o grupo de pequeninos que iniciavam sua vida escolar.
  Ela era uma moça desiludida, que tendo sofrido uma decepção amorosa, nunca mais pensara em ter um namorado, casar-se.
  Sua alegria eram os alunos que amava e ao lado dos quais se se sentia realizada e feliz.
  Uma menina de grandes olhos azuis chamou sua atenção naquela primeira manhã.       
  Não saberia dizer por que entre tantas crianças da mesma idade aquela lhe era tão especial.
  A pequena Aida também desde o primeiro dia apegou-se muito a ela, foi o que lhe disse a avó que vinha acompanha-la até a escola e que fez questão de conhecer a professora tão querida pela neta.
  Ester ficou sabendo que a mãe de Aida havia falecido há dois anos e que desde então a avó morava com ela e seu pai.
  A amizade entre elas estreitou-se mais, Ester foi convidada a frequentar sua casa, Ernani, o pai de Aida gostou muito de Ester e dentro de algum tempo começaram a namorar.
  Ester que pensara que nunca mais se apaixonaria por alguém sentiu renascer o sonho de felicidade e ficou felicíssima quando Ernani pediu-a em casamento.
  Ester, porem, guardava um segredo que nunca partilhara com ninguém, mas que achou que devia contar a ele, pois acreditava que entre um casal não deve haver nada oculto.
  Na época a virgindade de uma moça era muito importante e dificilmente um homem se casaria com uma moça que tivesse “dado um mau passo”.
  No caso de Ester era mais grave ainda, pois tivera uma filha que deixara na própria maternidade para ser adotado, fato que nunca revelara a ninguém e que tentava, mas não conseguia esquecer.
  Será que Ernani compreenderia? A perdoaria? Continuaria a amá-la e respeitá-la?
  Mas tinha que falar logo, pois quanto mais demorasse mais difícil seria.
  Ernani a ouviu em silencio e à medida que ela falava foi empalidecendo como se estivesse prestes a desmaiar e por fim disse-lhe em voz rouca e entrecortada:
  -- Aida não é minha filha de sangue, Nós a adotamos quando ela foi deixada em um hospital pela mãe no dia 18 de Setembro de 1950. Poucas pessoas o sabem. Eu ia contar-lhe...
  Foi nesse dia que minha filha nasceu...
  Passado o impacto, secadas as lágrimas os dois continuaram a planejar o próximo casamento.
 -- Não será difícil para Aida acostumar-se a chamá-la de Mamãe, pois ela gosta muito de você e mal se lembra da mãe que morreu.
  --Mas um dia teremos que contar-lhe toda a verdade.
  Ernani deu de ombros:
  Depois a gente pensa nisso Já sofremos muito, Agora vamos curtir a felicidade.
  E Ester ficou a pensar:
  Como é que isso pode acontecer?
  Seria uma mensagem do perdão divino? Artimanhas do destino? Ou uma simples coincidência?
                                     ***

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Maith
Enviado por Maith em 10/10/2016
Reeditado em 10/10/2016
Código do texto: T5787008
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