Teus olhos, Sam.

Ipanema está quente essa noite. Você sorri com o seu sorriso americano, se chega, eleva meu estado de espirito quando se aproxima dançando o ska em underneath it all, do No Doubt. E eu, em estado alcoólico elevado sorria e deixava você se aproximar. Na praça General Osório o sol brilhava no auge da meia noite. Eu quase não pude entender quando você, bem próximo, me disse "you're so handsome, guy". Eu apenas sorri e retribuí o elogio. Nesse momento Lady Saw cantou todo o nosso momento. Sua blusa coral entrava em contraste com teus olhos verdes, Sam. Teu cabelo grande escorria sobre o rosto. Você correu as mãos sobre minhas costas e me conduziu até o final da música. E agora, garoto, eu quero te dizer que por baixo disso tudo, nós nem precisamos mais dormir. Mas minha bebedeira não conhece muito o meu inglês, apesar de você ser gentil dizendo que ele é perfeito.

Enquanto as músicas pulam, você tenta arriscar um português que me faz rir. Você me beija. Bebemos. Dançamos. tudo está bem real. Não parece que domingo te levará para a Bolívia, no voo que você começa a repensar.

Você pede que andemos na orla. Aceito. Você vai até o ponto onde as ondas quebram. Me olha. Me beija. Sorri. Se joga contra as ondas quase que semi-nu. Estou feliz. Faço o mesmo. Nos encontramos na água fria. Você me aperta. Me beija. Pede que eu vá para a Bolívia. Pergunta como em tão pouco tempo pode se sentir aflito e maltratado. Não digo nada. Te olho. Você continua me apertando. Repensa sobre a ida para a Bolívia, quer estender o período de estadia, aqui, no Rio de Janeiro. Pensa que pode voltar no fim do ano. Te levo para a margem do oceano. Te abraço. Te acalmo. Peço desculpas pelo meu inglês ruim. Você sorri quando faço isso. Diz que a noite está quente. Pede que eu vá com você. Digo que não posso. Você pede para que eu durma com você essa noite. Suas mãos andam sobre mim. Seus olhos fixam nos meus. Nossos amigos chegam.

Você pede para que Lorena me convença a partir com você. Ela não te entende, diz que o inglês dela não existe. Traduzo. Você insiste para que eu reconsidere, e então não insiste mais.

Você é absolutamente bonito, Sam. Te digo. Você sorri. Me abraça, me beija. Bem próximo está o Arpoador. Você olha fixamente e pergunta o que é. Me pede desculpa por tantas perguntas e pela insistência. Digo que não tenho o que perdoar. Você diz que talvez esteja apaixonado, e que nunca imaginou que isso pudesse acontecer no Brasil.

Você faz promessas. Diz que logo voltará, que consegue passar dois dias, se 'der uma fugir' da Bolívia. Digo que seriam dois bons dias. Você fecha os olhos, seus olhos verdes. Seu cabelo loiro cai sobre eles, os escondendo. Eu os ponho à amostra, levando sua cabeça, te beijo.

É uma noite quente em Ipanema, Sam.

Yuri Santos
Enviado por Yuri Santos em 07/10/2016
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