Johnny Darwin – Capítulo 4
 
   Dez anos depois.
 
   Quando Chloê começou a ter sucesso em sua carreira fotográfica eu apenas fiquei com um pouco de inveja, era óbvio que ela iria longe, demonstrava talento e determinação.
   Mas então, quando eu já estava quase desistindo de escrever depois de várias reprovações das editoras, algo mudou. Pela primeira vez meu original foi aceito.
   Ponte de Lembranças nasceu de uma ideia bastante diferente das habituais. Um jovem é surpreendido pelo mundo das histórias de um idoso que conhece no parque, curioso ele embarca em várias aventuras sem sequer sair de seu próprio espaço físico, o velho banco do parque.
   Chloê já tinha condições de comprar um apartamento e por isso nos mudamos para o centro de Barcelona, mas com suas exposições por toda a Europa dificilmente nos encontrávamos durante a semana, o que causou um grande afastamento em nossa relação nos últimos anos.
   Foi então em uma noite de insônia que derrubei uma de suas fotografias e ao me abaixar para ajuntá-la uma ideia surgiu. Combinar nossos talentos poderia fazer com que tudo se salvasse, mas ela não gostou do plano.
   Aquela distância que de quilômetros se reduzia a centímetros e assim vice e versa estava me deixando louco. Não conseguia mais ver nela todo o esplendor de dez anos atrás.
-O que houve conosco? – perguntei.
-Como assim? Estamos bem, não estamos?
-Você sabe que não e a cada tentativa minha de falar sobre isso você se esconde, o que houve?
-Nada, eu só estou exausta, você sabe como essas viagens são cansativas.
-Mas você parece exausta de nós, dos momentos que tanto lutamos para termos juntos, das idas ao cinema, ao teatro e todas as ideias mirabolantes.
-Você continua sendo a pessoa mais importante pra mim Johnny, mas eu realmente estou bastante cansada com tudo isso, me desculpe.
-Tudo bem. Precisamos encontrar um jeito de nos aproximarmos de novo.
   Na manhã seguinte fui até a cozinha e preparei nosso café da manhã, Chloê já havia levantado quando o levei até o quarto.
   Desci novamente e me sentei no sofá, pensava em algum meio de nos fazer interagir como antes. Mas nada parecia dar certo em minha cabeça.
Johan Henryque
Enviado por Johan Henryque em 15/08/2016
Código do texto: T5729469
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.