TRAGÉDIAS DA VIDA

Tragédias da Vida

Maria Clara era uma jovem muito carismática. Devido esse dom que Deus havia-lhe dado era muito querida na sua cidadezinha no interior do estado de Alagoas, no sertão nordestino. Por onde passava, as pessoas sempre teciam belos comentários ao seu respeito. Sua alegria sempre contagiava as outras que viviam ao seu derredor. Outrora Maria Clara teve uma infância farta, graças à boa situação econômica que a família desfrutava, condição esta que mais tarde se extinguiria.

Uma vez que os recursos da família haviam esgotados, vivendo uma vida de pouca ostentação, Maria Clara começou a lecionar e nas horas vagas confeccionava roupas sobre encomendas. O trabalho pra ela era uma terapia, amava o que fazia, era muito gratificante a arte de lecionar. Exercendo o magistério ampliou em muito seu leque de amizades, construindo amizades que iriam eternizar.

Maria Clara era uma jovem muito bonita e ao longo da sua vida ia colecionando fãs e admiradores. Era possuidora de um belo corpo, morena clara, seus olhos eram castanhos bem acentuados e brilhantes, 1,69 de altura, 59 quilos, seu corpo era sinuoso com as curvas de um violão, bumbum empinado, não havia um homem sequer que não encantava com os dotes de Maria Clara.

Sabemos que não tem nada na face dessa terra que não tenha o consentimento do Criador. Tudo nessa vida que acontece com a gente tem um propósito de nos aperfeiçoar, e sabemos que umas das melhores maneiras do Divino trabalhar em nossas vidas são através das tribulações e dos obstáculos que são lançados em nosso caminho. Sendo assim, Deus não poupou a Maria Clara que futuramente viera ter uma peça pregada pelo destino. Maria Clara iria ao longo da sua jornada conhecer João Pedro, um jovem que conquistaria e tomaria posse do seu coração.

João Pedro era um dos 7 filhos que o casal João Antônio e Olinda tinham. Essa família não era considerada rica, mas tinha uma boa situação financeira. Olinda sua mãe, era uma mulher que tinha uma boa relação com as pessoas, mas não deixava de ter alguns desafetos, que mais tarde, Maria Clara haveria de ser um deles. Protegia em excesso seus filhos e por eles faria tudo aquilo que na sua opinião fosse tida como certa. Na minha visão um dos defeitos que a mãe de João Pedro tinha era o fato de ser muito materialista. Costumava valorizar as pessoas não pelo ser e sim pelo que tinham e isso mais tarde iria leva-la a cometer algo que seria um desatino para o seu filho.

João Pedro, assim como Maria Clara era um jovem bonito carismático e por onde passava conquistava as pessoas. Desde criança tinha habilidade na arte dos negócios, comprar e vender era seu forte, sendo assim acabou especializando na compra e venda de gados para os fazendeiros da região.

Maria Clara viera conhecer João Pedro numa festa junina, e a partir do momento que eles se entreolharam apaixonaram-se por completo. Era grande o amor e a paixão que os uniam, mas algo iria acontecer que marcaria a vida de Maria Clara pra sempre. O casal de pombinhos tomaram uma decisão que seria impossível viver um sem o outro, e começaram a namorar.

Mas os obstáculos começaram a surgir, a partir do momento que João Pedro resolveu comunicar para os pais o seu namoro com Maria Clara. Para sua decepção, sua mãe não aprovara o seu namoro e foi irredutível na sua opinião. Não era de estranhar a decisão tomada por Olinda, uma vez que já foi dito anteriormente, o amor que ela tinha pelas coisas materiais, chegando ao ponto de considerar as pessoas pelo TER e não pelo SER. Essa irredutibilidade de Olinda em relação ao namoro de João Pedro e Maria Clara iria proporcionar mais adiante uma tragédia que iria ficar marcada para sempre.

Como os dois jovens ardiam de desejo e paixão e não tendo a aprovação de Olinda, eles tomaram uma decisão de morarem juntos. Resta salientar para os queridos leitores, que essa decisão não iria ser algo fácil, Maria Clara e João Pedro ao decidirem pela suas uniões em busca de suas felicidades, iriam se deparar com uma sociedade muito preconceituosa, sem falar que a época desse acontecimento foi no final do ano de 1960. Imagino a visão limitada e cheia de preconceitos que essa sociedade deveria ter há mais de 50 anos.

Mas João Pedro e Maria Clara diante do imenso amor que eles sentiam, chegaram à conclusão que por mais adversidades que eles teriam valeria a pena lutar por tão grande amor. E passaram a viver juntos. Grande era o ardor e paixão dos dois, e do fruto desse amor nascera Gabriel. O casal ficou fascinado diante do seu primeiro filho. Mas toda fascinação que o casal tinha acabava sendo ofuscada pela incessante rejeição e indignação de Olinda para com a atitude do filho. Maria Clara e João Pedro diante de todos os obstáculos continuaram se amando e dedicando um ao outro e novamente uma semente nascera como fruto desse amor, dessa vez fora Miguel o segundo inocente que teria o começo da sua vida sendo construída debaixo dessa luta travada entre o casal e Olinda.

Uma vez que o casal tinha dois filhos fruto dessa linda relação e devido a maledicência da sociedade com seus comentários maldosos, o casal tomou a decisão independente da aceitação de Olinda de oficializarem a suas relações casando-se.

João Pedro esperançoso que em algum momento Deus poderia trabalhar no coração de Olinda, sua mãe, resolveu com toda alegria e expectativa anunciar para sua família a data do casamento. Mas para a tristeza de João Pedro, Olinda permaneceu inalterada, mantendo como de costume seu coração de pedra fechado. Mas inconformada com a persistência do seu filho, ela não se contentou e reivindicando da autoridade de mãe lançou sobre o filho uma maldição com a seguinte frase: “eu prefiro ver você morto por um animal a ver você casado com aquela mulher”. João Pedro triste e inconformado, só restou-lhe a opção de sair cabisbaixo e retornar pra sua casa.

Mas a alegria de consumar seu casamento perante Maria Clara e a sociedade era tão grande que João Pedro achou por bem não preocupar com tamanha maldição recebida da sua mãe. Os dias foram passando e tudo foi preparado para a chegada do grande dia.

Como havia falado anteriormente que João Pedro especializara na compra e venda de animais, era necessário que ele estivesse sempre deslocando para poder ter contatos com os fazendeiros. E o seu meio de transporte era uma mula que devido a sua docilidade ficou sendo o animal predileto de João Pedro para as suas andanças.

A mãe de João Pedro, morava na mesma rua dele, a diferença era que Olinda morava na parte mais alta da rua enquanto ele morava na parte baixa. Essa caminhada era feita como de praxe, todos os dias, sendo que mais ou menos na metade da rua tinha uma pracinha, onde as pessoas ficavam se divertindo e prosando.

Chegara sábado, o dia tão sonhado do casamento, João Pedro não se contentava de tamanha alegria. Como de costume e na expectativa que o coração de Olinda fosse quebrantar, ele resolveu fazer mais um passeio na casa de sua mãe, mas novamente saiu entristecido de lá, por que vira que o dia do casamento chegou e Olinda mantivera-se irredutível para sua decepção.

Meus queridos leitores, lembram que enfatizei que algo trágico iria marcar pra sempre a vida de Maria Clara, pois bem, prestem atenção. Naquele sábado, dia tão esperado para o casal, Gabriel o filho mais velho do casal estava com um ano e três meses, e Miguel o filho mais novo estava completando apenas três meses de nascimento.

Inconformado com a decisão da mãe, João Pedro resolveu voltar pra sua casa. Como já havia dito a rua onde eles moravam era uma ladeira, e João Pedro ia descendo com sua mula, creio eu que pensativo e indignado pela recusa da sua mãe. Chegando perto da pracinha havia uma moita de capim. De repente a mula cismou de ir comer o mato, João Pedro não concordando com a decisão da mula, resolveu puxar o arreio, para sua fatalidade a mula empinou e João Pedro desequilibrado caiu sobre uma pedra de cascalho que rachou-lhe o crâneo, seus olhos esbugalharam e João Pedro começou sua caminhada rumo a morte, mas ainda antes de morrer lembrou dos seus filhos Gabriel e Miguel e pediu a alguém que fosse buscar Maria Clara e seus filhos. Transtornada Maria Clara chega com seus filhos e depara com a triste visão da morte que se aproximava do seu amado, do grande amor da sua vida. Ela ficou muito aturdida diante de tragédia tão calamitosa e ali bem diante dela foi vendo esvaindo o sonho de viver ao lado da pessoa que ela mais amara e se derramou em prantos. João Pedro agonizando ali diante de todos indefeso esperando a morte o levar. O seu último fôlego de vida, foi no exato momento que seu filho mais novo Miguel passou o seu pezinho sobre a sua face e do seu olho saiu a última lágrima de sua vida e logo em seguida faleceu.

Que final tão trágico para um casal que queria apenas ter tido a liberdade e o prazer de viver ao lado da pessoa amada e que juntos pudessem construir suas vidas. Agora com a morte do seu amado, Maria Clara enviuvava com apenas 26 anos de idade, trazendo consigo agora duas crianças pra educar e o começo da solidão com a ausência do seu amado que já não se encontrava entre nós.

Como reagirá Olinda diante dessa situação. Quebrantará seu coração e procurará uma reconciliação com Maria Clara ou levará dentro de si a dor e o remorso por saber que de uma forma ou de outra ela colaborou com esse fim tão trágico.

E pra você querido leitor qual seria sua concepção para essa tragédia tão cruel. Olinda na realidade chegou a ter uma premonição onde foi capaz de ver o fim tão trágico do seu filho ou poderíamos dizer que isso foi praga da mãe, uma vez que ela exercia autoridade sobre o seu filho e ao proferir aquela sentença estava lançando sobre a vida do seu filho uma maldição.

Simplesmente Gilson
Enviado por Simplesmente Gilson em 22/07/2016
Reeditado em 05/09/2019
Código do texto: T5705678
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