A Moça de Lilás
 
- Boa noite amigo, vem sempre aqui?
- Sim, todas as noites para me distrair!
Quem sabe pra ser um pouco mais feliz.
Estou sozinho, abandonado, minha mulher foi embora, não tenho família, sou filho adotivo.
Tive um grande amor, por quem fui muito apaixonado, ela me deixou, foi com o meu melhor amigo, era a pessoa que eu mais confiava.
Meus pais adotivos faleceram em um acidente na estrada...Só falando de mim e você?
- A sua história é complicada! Venho observando que toda noite, você está sempre aqui sentado, neste mesmo lado, neste mesmo lugar...
- Gosto de sentar aqui para ver a moça dançar, ouvir a música que o meu coração tocar.
Mas o que ,me chama a atenção mesmo, é a Moça de Lilás, quando a vejo nem tenho vontade de voltar para casa.
Fico admirando a beleza dessa bela moça que se veste de lilás.
- Amigo, me dê licença, preciso me retirar! Por favor, não beba demais, senão, você vai se embriagar, dormir e não ver a moça dançar. Amanhã voltaremos a conversar. Mas na verdade, eu venho ver a moça loira que está no palco dançando.
Luiz quer conversar com a Moça de Lilás e decide chamar o garçom:
- Garçom, por favor, quero falar com a Moça de Lilás!
Com medo que ela recuse, Luiz fica nervoso! Mas se derrete todo quando a vê caminhando em direção à sua mesa.
- Obrigado! Senta aqui morena, ao meu lado! Não sei o seu nome, mas tua presença, sua gentileza e o seu olhar me transmite paz. Por isto lhe chamo de Moça de Lilás...
-Pode me chamar assim! E o seu nome?
- O meu nome é Luiz.
- O que deseja saber?
- Um pouco sobre você... é bailarina a muito tempo aqui?
-Um pouco mais de um ano.
- É casada, solteira ou separada?
- Estou me divorciando, mas não arrumo compromisso para não atrapalhar o meu serviço. Tenho que ser gentil com todos para agradar e manter a casa cheia, para meu salário ganhar.
Amigo Luiz, fico feliz por você me cortejar, me desculpe, tenho que me levantar, tenho que ir  para outra mesa, porque logo vou dançar.
- Eu gostaria de falar com você em outro lugar, mesmo sem compromisso.
- Não tenho tempo, Luiz! Saindo daqui, tenho que descansar, mesmo acompanhada, é um dinheiro extra que vou ganhar... Já está amanhecendo, a boate vai fechar, preciso terminar a dança antes de encerrar.
- Por favor, fica mais um pouquinho, beba comigo um copo de vinho, estou triste, não queria beber sozinho. Eu pago pela sua companhia.
-Não posso aceitar, tenho freguês esperando na mesa para conversar. Todos que estão aqui tem um história para contar. Dou atenção a todos, mas no meu coração não deixo ninguém entrar. É meu trabalho ouvir e aqui deixar.
Agora tenho que ir. Boa noite Luiz, volte sempre!
-Ah, mas nem seu nome eu descobri...
A madrugada chegou e os boêmios da boate se retiraram. Luiz volta para casa se encontrar com a solidão, sem ninguém para conversar, tendo  a certeza que a noite seguinte irá chegar, para novamente olhar a Moça de Lilás.Com seu corpo cansado, embriagado... vai dormir, com a esperança de sonhar, que  talvez quem sabe consiga ter a bela Moça de Lilás.
A noite chegou, Luiz vai tomar seu  banho, se arrumar, vestir seu terno passado, ficar perfumado. Se a bela moça gostar, vai sentar-se à mesa e com ele para conversar.
Luiz vai para a boate apressado, empolgado, precisa ir logo para conseguir  um bom lugar, antes que a casa encha e tudo ficar complicado.
O show começou. As moças vão dançar. Depois de vários drinques, ela veio conversar.
-Boa noite, Luiz! Posso me sentar?
- Por favor!
Tomaram um drinque e conversaram e logo ela voltou a trabalhar. Luiz continuou sentando em sua mesa bebericando o drinque e olhando a dança da Moça de Lilás.
A noite terminou, a moça foi embora acompanhada de outro rapaz. Luiz voltou para casa consternado, a regressar com as lembranças da Moça de Lilás.


 
Mara de Andrade
Enviado por Mara de Andrade em 07/05/2016
Reeditado em 25/09/2016
Código do texto: T5628556
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