AMOR E CHAMAS III

Morfeu veio mais uma vez.

“O prédio estava escuro como o palácio de Hades. Dentro, andava eu a procurar uma saída para a nebulosidade. Vagava de um andar a outro. Negritude total. Olhos nada viam. Apenas a mente exergava e tudo era negro. Pelas escadas, vez ou outra um vulto.

- Onde fica a saída?

Sem resposta. Fugiam de mim. Eu era o infame. Minha presença os acovardava. Meu primo apareceu em uma das escadas. Por breve momento, senti alívio. À pergunta, fugiu como os demais. Descia e subia escadas. Nenhuma luz. A saída era cada vez mais ansiada. Os elevadores levavam a nada.

Desci pelas escadas até o térreo. Lá vi uma porta que imaginei ser a saída. Pedras grandes viam em direção a ela. No chão um corpo estendido. Inerte. Apedrejado. O chão estava coberto por sangue. Á frente havia uma mulher e uma criança. Olhavam de lado para fora, a fugir das pedras. Passei pelo cadáver, apressadamente, tentando não ser alvejado pelas pedras. A mulher me olhou.

- Sabe me dizer onde fica a saída?

Sem resposta. No olhar da criança, o medo se assentava. Segui um pouco mais. Uma pequena janela se abriu. Direcionei meu olhar. Vi então o demônio. Talvez Ares tenha se único a Morfeu. Era um vampiro poderoso. Com ele dois outros. Estavam abaixo, numa pequena vila. Vi luz na vila. E os inimigos a tinha. Praguejei por nada poder fazer.

Retornei passando pela mulher, pela criança e pelo cadáver. Subi novamente as escadas do prédio. A escuridão novamente se assentou. Os vultos corriam ao ver o diabo. Já cansado de subir, encontrei a guerreira. Estava deslumbrante. Os cabelos eram negros. Olhou-me e eu queimei de desejo. Avassalador. Aproximei-me. A guerreira não fugiu como os demais. Um beijo que apaziguou meus ânimos. A luz entrara sem haver portas ou janelas. Estava comigo.

Abri-lhe a blusa. Levantei-lhe a saia. Coloquei no canto entre as paredes da escada. Levantei-a com força herculínea. Tudo era silêncio. A guerreira apenas me olhava. Minhas pernas escorregavam. O chão parecia sumir. Não conseguia estar dentro e me queimava de desejo.

Segurei-me nos canos que circudavam a parede. Abri-lhe as pernas. E com a força dos braços, sem chão, a possuí vigorosamente. Eu era agora todo dentro. Era dentro corpo. Era dentro alma. Comunguei com o anjo. Ela gosou intensamente com o infame. E eu gosei maculando-a.

Após o orgasmo, sem palavras, ela se vestiu. Estava radiante. Então perguntei:

- Onde fica a saída, meu amor?

Não houve resposta. Em seu rosto, uma lágrima descia. Olhava-me apens. Virou-se para partir.

- Meu amor, onde fica a saída? Tu vais voltar? – Enfatizei a pegunta.

- Sim, eu voltarei, meu amor.

Mais nada. Tudo era silêncio. A guerreira também havia partido e a nebulozidade se assentara ainda com mais força.

Desci novamente até o térreo. O cadáver já não estava mais lá. Não havia mais sangue no chão. A mulher e a criança haviam sumido. Caminhei mais um pouco à janela. O demônio estava lá, sorrindo. O forte vampiro e seus dois ajudantes atirando pedras. Pedras enormes que bloqueavam a saída. Apareceu-me uma arma. Não exitei. Peguei da arma. Mirei o poderoso vampiro. Certeiro. Tombou falido. Os outros dois se transformaram em morcegos e voaram. Eu havia matado o zelador da escuridão. As pedras haviam cessado. Da janela via agora a vila. A luz. Ansiei por ela. Dirigi-me à porta. Andei pelo, cheguei ao ponto onde havia visto a escada que me levaria à vila.

Nada. A escada havia sumido. Não havia vila. Um abismo se me apresentou. Um terrível abismo sem fim. Exauri-me de forças. Tombei ajoelhado por instantes. Estava condenado. Lembrei-me do choro da guerreira. Compreendi meu mundo.

Eu era trevas. O próprio infame. E a guerreira-luz a quem amei não podia habitar o mundo de Hades. Embora dissesse que voltaria, foi condenada pelas próprias lágrimas. Estava condenado à escuridão eterna. Isolado.

Levantei-me. Andei em direção ao prédio. Minha morada. O infame na vã esperança de encontrar, em algum lugar na escuridão, o anjo que amou com tanta intensidade, como alívio à dor de sua alma.”

Continua...


P.S. Grato por ter autorizado a publicação. Foram usados pseudônimos. Ficção.
Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)
Enviado por Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent) em 24/02/2016
Reeditado em 24/02/2016
Código do texto: T5554059
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