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Toc toc toc... Bate um Coração na porta de outro coração...

- Alguém em casa? - Pergunta apaixonado

Apenas o silêncio respondeu.

Preocupado, o Coração acelerou, correu em volta da casa, a procura de algum sinal....Nada vendo, subiu ao telhado dos sonhos pela escada da imaginação e olhou pela janela da alma a sua amada.

Não a viu com precisão, mas vislumbrou um vulto que concluiu ser ela, sentada e encolhida em um canto, no momento, escuro.

Mas a paixão confere coragem aos inseguros e assim, Ele, ávido da proximidade, forçou a pesada esquadria em um lapso de fresta, abrindo, tal um sorriso tímido.

Lá embaixo Ela se agitava, sentia-se presa, procurando chaves perdidas pelo tempo. Uma vez que o senhor do acaso em sua saída, batera algumas portas, a trancando.

Enquanto isso, Ele insistente, continuava tentando a entrada e temendo parecer uma invasão, escolhia as ferramentas mais delicadas, que nem sempre eram muito eficientes. Ela ainda não o havia percebido ali, embora soubesse que este estava para chegar, talvez porque a voz das batidas dele, fossem mais altas que o ranger das folhas de vidro, que gradualmente se abriam.

O sentimento supera as fraquezas, porque em um impulso, a preocupação dele adentrou a casa. É certo que sua entrada foi atrapalhada, causando um grande estrondo no chão.

Ela, surpreendida, chorou. Ele não trazia a liberdade, mas era um companheiro determinado a lutar ao seu lado. O lugar por onde entrou, também não foi convidativo a saída. Ainda assim, Ele a aquecia no abraço da presença, enquanto refletia como soltá-la.

É certo dizer nesta estória, que outros corações transitavam pelo exterior. Múltiplas eram as capacidades dos mesmos, embora tivessem muitos conhecimentos, não ousavam se aproximar. Versavam sobre a composição das chaves, falavam das propriedades da fechadura, entendiam o funcionamento de abertura e fechamento da casa. Muitas vezes, diante de tal sabedoria, Ela suspirava, mas logo percebia ser em vão. A intrepidez dele, observava a própria ignorância. Seu entendimento era abstrato e emocional demais, via arte em tudo e criava suas próprias aberturas e saídas.

E foi assim que Ela passou a ter em seu peito, dois corações. Um advinha da sua natureza e outro daquele escalador de janelas. Hoje, quando seu coração se silencia, o outro bate dizendo: estou aqui. Juntos criaram uma chave: o amor. O que esta chave abre? Só aqueles que a tem, serão capazes de responder....

Fernando Paz
Enviado por Fernando Paz em 20/05/2015
Código do texto: T5248754
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